sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Notice D´Urgence 4

Pois é... na chuva é todo mundo homeless.

sabe aquela frase popular: 'Todo mundo pelado no mato e ninguém é de ninguém' ou ainda: 'a gente nasce pelado, careca e sem dente... o que vier é lucro!'? Pois é isso que acontece.

Na poesia do cotidiano dentre maus cheiros, barbas por fazer, banhos por tomar, roupas por lavar, dentes (poucos) por escovar, cabelos por cortar e... piolhos circulando por fora das cabeças como as idéias fervilham por dentro. Meu cabelo preso, minhas unhas (ainda feitas), meus pés quase quentinhos, meu cabelo cortado e tratado, meus dentes (todos) limpos e tratados às vezes me deixam em uma sinuca de bico: somos realmente todos seres humanos?
Ou melhor: qual espécie de ser humano somos?
Sei que na hora do vamos ver todo mundo de uma forma ou outra sobrevive. Nas piores condições, ou quase nas 'não-condições'.
Para parar e pensar um pouco:
Na ilha de Fidel, onde as opções são extremamente limitadas, ninguém tem acesso a nada diferente. Ninguém tem nada que não seja dado pelo governo e igual para todos. Mesmo sabendo que os que mandam tem acesso a tecnologias e serviços não oferecidos aos populares. No entanto, todos tem condições mínimas de higiene pessoal por mais que o local em si não seja dos mais limpos em determinadas situações e, mesmo assim, não é nada pior do que era o Brasil na década de 1950 e quase todo mundo sobreviveu.
Aqui nos quase nórdicos americanos, o carro mais simples é quase top de linha no Brasil, os mesmos homeless que não tem o mínimo de sanidade (mental e higiênica) tem iPods e iPhones. O que é mais humano?
Comecei a listar uma série de coisas com as quais poderia perfeitamente viver sem. Puro conforto. Hoje, embaixo de chuva e com um frio que agora está chegando a 0oC o vento descontrolado e eu com um casaco super, como não vende no Brasil, mas, que deve custar cerca de R$ 250,00. Estamos numa barraca que com o vento 'dança' completamente, está com goteiras e o aquecedor parou de funcionar. Estado de guerra.
Mesmo assim fiz diversas coisas na rua, a pé. Não teve outro jeito. Aqui tem que se fazer tudo de metro e tem bastante opção de linhas, mas, tudo que fiz era coisa de não mais de 10 quarteirões. A pé, na chuva, no vento, no frio.
No Brasil com certeza eu não abriria mão do meu carro para ir até a esquina. O tênis molhado me deixaria de mau-humor e só de pensar que ao chegar em casa teria que colocar minhas roupas para secar, já me daria uma preguiça que pioraria ainda mais meu ânimo.
Em Havana mal tínhamos o que comer, durante um mês a variação era circular. Dia sim, dia também. O sol de 30oC a sombra a as caminhadas de horas por dia me fizeram emagrecer quase 5 Kg. As roupas e o corpo ficavam suados por causa do calor. Em Montréal a comida é farta, boa e muitas vezes barata. Não há sol e a temperatura não passa de 4oC. As caminhadas não passam de 15 minutos e as pessoas daqui acham algo realmente longe. Quase não caminham. O lance é bicicleta e metro, além, lógico do carrão. É dificil suar e as pessoas repetem suas roupas e seus cheiros por dias a fio.
Se parar para pensar, as dificuldades são diferentes. Mas são as mesmas. Não é a tôa que uma (Havana) já foi conhecida como 'A Paris do Caribe' e a outra é conhecida como 'Um pedaço da França na América'.
Talvez, qui ças.

Segue vídeo da Ariane Moffat que está fazendo o maior sucesso aqui.

2 comentários:

  1. Lalá....adorei essa tal de ariane.Bom saber qvc está aproveitando a experience no Canadá. Essa reflexão interna sobre a vida e comportamentos faz valer a pena todo e qualquer sacrificio!bjao se cuida!!!

    ResponderExcluir
  2. E eu espero q vc esteja ganhando bem pra compensar todo esse sofrimento, senão seria inutil, essas reflexões podem ser feitas em pouco tempo, e em qualquer lugar do mundo, pirado c ou sem IPHONE, com e sem razão, existe em todo lugar. Não se desperdiçe por migalhas.bj

    ResponderExcluir