sábado, 30 de janeiro de 2010

Do you know Marian Keyes?

No início desse ano (quer dizer, mais no início ainda...) uma amiga me perguntou que livro eu indicava para ela ler esse ano. De cara me vieram duas interrogações. Primeiro estranhei o fato de alguém me perguntar 'o que eu indicava', normalmente, eu aviso o que estou lendo e digo: 'leia que é imperdível', ou ainda quando algum assunto está sendo comentado eu digo: 'leia tal livro, veja tal filme, que fala desse determinado assunto'. Assim à revelia, me pegou de surpresa.
Depois foi a oração 'para ler esse ano', que me veio com a informação de 'um livro por ano'. No início, um choque, mas, depois pensei: 'pelo menos um!' e, depois ainda, pensei: 'cada um, cada um'.
Realmente eu queria indicar algo para a minha amiga. Dentre suas últimas leituras estavam 'A Cabana' e se não me engano algum do Dan Brown. Nada contra best-sellers, apenas não os leio até segunda ordem. Como o próprio nome diz, são livros feitos para vender, com uma jogada de marketing sensacional que faz você se sentir a última das criaturas nas rodinhas de conversa informal caso não tenha lido. E o pensamento que vem à cabeça é: 'mas vendeu milhares de cópias, deve ser muito bom'.
As vezes é. Nem sempre. Acho que o que diz se um best-seller é bom ou não é o que você tem vontade de ler depois dele. Se ele te fez virar um leitor inveterado e ávido por histórias, ponto positivo! Mais um pro clube que vai ficar cada vez mais seletivo neste quesito e então, provavelmente deixará de ler apenas best-sellers. Talvez até isso faça parte da jogada de marketing das editoras para os livros ditos menos comerciais e mais 'dificeis'.
Pensei em dizer para que lesse 'A Hora da Estrela' de Clarice Lispector que se tornou um best-seller com todos os adjetivos positivos que esse trás. Clarice, assim como Guimarães e Jorge, estão fora do páreo e merecem cada centavo.
Muito dificil alguns disseram. E realmente lembrei que me apaixonei por Macabéa a segunda vista apenas. Depois de ver o filme de Suzana Amaral e então reler o clássico. Virei amante de Clarice, mas, realmente, Clarice tem que ser aprendida no 'Para Gostar de Ler' e, quem não teve essa sorte na vida, a menos que queira voltar ao princípio, deve se esforçar.
Sempre aprendi que para gostar de algo, seja o que for, deve haver identificação. É o primeiro passo. Segundo, deve 'falar diretamente com você', te sensibilizar, situação conheidas. Terceiro, não pode ter impecilhos, entre eles, lógico, a dificuldade em uma leitura mais rebuscada. Tem que ser aquela leitura bobinha de antes de dormir.
Uma das coisas que Clarice me ensinou, é que 'ser é não saber' e que isso é 'uma doçura de burrice'. Aprendi com a vida, que nada deve ser levado a ferro e fogo e que emburrecer as vezes é primordial e vital.
Foi assim que cheguei à Marian Keyes. Seu primeiro best-seller 'Melância' foi ganhado da minha mãe, em um Natal depois de um ano dificil, com o conselho de emburrecer um pouco. Se emburreci ou não, não sei, mas, confesso que foram horas agradabilíssimas de uma leitura humana e despretensiosa. Próxima a mim.
Depois vieram 'Férias', 'Sushi', 'Los Angeles' e outros assim. Ainda não consegui 'O vendedor dos sonhos' ou 'O caçador de Pipas' por que nem no Oriente Médio eu vivo, mas, sempre que quero uma leitura simplesmente prazeirosa, recorro a ela.
Acredito que esse será um bom começo para uma amiga extremamente inteligente e que, com certeza neste ano terá mais de um livro para contar...

Leia:
- Marian Keyes

PS: Aproveito para fazer campanha a favor do livro de segunda mão! Além de mais barato, poupamos várias arvorezinhas!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Fuçando



Fuçando em blogs alheios, descobri o de uma desenhista lá do sul que é sensacional. Tomei a liberdade de postar aqui essa 'tirinha' dela.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Parafraseios

Outro dia assistindo 'One Tree Hill' ouvi uma frase do Camus que não conhecia. Na verdade adoro os pensamentos existencialistas, mas, evito em certas circunstâncias por razões pessoais e infelizmente intransferíveis.
A frase é:

"Abençoados os corações flexíveis, pois, eles nunca serão partidos"

e, o personagem-narrador do seriado emenda com:

"talvez não sejam tão abençoados, pois, se não são partidos, não podem cicatrizar e se curar".

O bom seria se existisse um 'coração regenerado'. Onde as cicatrizes se regenerassem. E assim voltaria a ser o coração tão puro quanto antes desta. Assim a gente podia se esbaldar e teria a certeza biológica de que com o tempo, tudo ficaria bem e seria apenas uma questão de paciência.
Parafraseando a Fernanda Takai, tudo seria

'uma questão de manter, a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo'.

Logo então, me vem Clarah Averbruck:

'a saudade é uma filha-da-puta que entra na sua casa sem bater na porta, senta na sua sala e fica olhando pra sua cara como se dissesse: 'sua babaca!'"

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ser pobre não é uma questão de classe social!

Hoje vi algo que não devia ter me deixado impressionada. Mas deixou. Passeava pelo Shopping Higienópolis depois que fui pega por uma enchurrada durante um cooper no fim de tarde. Mesmo autista com meu IPod no último ouvindo 'A Burguesia Fede' do Cazuza (à qual me encaixo no verso 'eu sou bruguês, mas, eu sou artista e estou do lado do povo'), não pude deixar de reparar na fila que se formava em direção à porta de saída pela Rua Veiga Filho, de onde eu vinha.
Fila mesmo. Grande e com a peruada toda estressada. Sabe por que? Pasme! Para ganhar uma 'porcaria' de um picolé Magnun. Sim! A pseudo inteligentsia e a confirmada burguesia paulistana formando fila para ganhar um picolé!
O pior é que o fabricante acredita que esse é um produto sofisticado (e realmente o é perto dos demais) feito para pessoas sofisticadas. E resolveu que o tal Shopping é local de concentração dessas pessoas.
O que eu vi foi quase um 'circo dos horrores' com muita 'baba' e 'lambuzeira', no melhor estilo do: 'é de graça!'
Sabe o bolo do bexiga tão tradicional no aniversário de São Paulo (aliás, preparem o tapeware que segunda tem) e que ganha um metro por ano e acaba em segundos? Tava na mesma!
Depois de pegarem o sorvete, foram embora. Ou para seus duplex de um por andar nas redondezas ou para seus carros top-top.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Tempo: mano véio!

As vezes eu penso sobre como as coisas eram e como elas ficaram. Sobre como eu achei que seriam e sobre como até hoje eu não sei como ficarão. Há 12 anos eu estava saindo do colegial e tinha um grupo de amigos 'de sempre' com as mesmas roupas e os mesmos gostos, um namorado cujo sobrenome por um bom tempo o meu nome e muitas certezas. Fazer uma faculdade, fazer teatro e, lógico, não ser loser nem frustrada, afinal, segundo minhas ambições, antes mesmo de terminar qualquer coisa eu já estaria me dando muito bem e, a faculdade seria apenas um 'plano Z'.
O tempo foi passando e as coisas demoram a acontecer. São os paradigmas que mudam ou somos nós que desistimos daquilo que queríamos cedo demais?
Hoje consigo entender o que significava quando minha mãe dizia que eu ia sentir falta do colégio. Não é do colégio em si que eu sinto falta, pelo amor de Deus! No sentido acadêmico tive uma experiência traumática durante o colegial. Mas sinto saudades do clima, das malandragens, de aprontar umas e outras (e como eu aprontava!).
Mais ou menos um ano depois, o namoro já estava para dançar, os amigos tinham tomado outros rumos e sobraram apenas uns dois ou três, fora os novos agregados da turma. Alguns haviam mudado de casa, outros de bairro e até de país. Outros dois se casaram formando um casal inimaginado e que hoje tem uma filha de uns 10 anos.
Life changes.
O outro namorado eu já conhecia a tempos, mas, nunca havia imaginado ter qualquer coisa. Aliás, ninguém havia imaginado. Foi o namoro mais estúpido que tive e o que mais sinto falta. Durou cerca de 1 ano e meio e podia ter durado mais. Claro que nesse tempo, novos amigos de infância surgiram. E pode parecer estranho, mas, percebi que na verdade eu nunca tive nada a ver com as pessoas que eu andei durante a adolescencia, salvo esse namorado de tempos.
Depois do 'namoro estúpido' tive um namoro arranjado, um namoro tesão, um namoro rebelde e um namoro marido que seria perfeito. Nada durou mais que 5 meses. Até hoje quando eu penso em ex-namorado penso nesses dois primeiros: um porque era o cara que iria passar o resto da vida comigo, que tinha tudo a ver, que combinava em tudo e, o outro porque era um cara que eu não passaria o resto da vida, não tinha nada a ver, que não combinava em nada comigo. Mas com ambos eu fui muito feliz. Só que eu não sabia.
Com o primeiro tentei um encontro a pouco tempo e descobri que o cara que eu conheci não estava mais lá, embora aparentemente continuava tudo a mesma coisa. Ou não estava mais lá, ou não estava mais aqui, não sei.
E as vezes o que você quer é simplesmente re-encontrar o seu porto-seguro, o amor está nos momentos e fases que passamos juntos e é triste saber que o tempo passa para tudo e nem sempre as coisas saem como planejado.

Glub-Glub


E em São Paulo os carros passaram a vir com um 'plus':

Quer vantagem mesmo? Você compra seu carro no mês de janeiro no ano do El Niño, eu disse: ano de El Niño e, ganha os assentos flutuantes e coletes salva vidas alocados abaixo deste!

Em caso de emergência, um snorkel cairá sobre sua cabeça e um professor de natação surgirá do seu porta luva para auxiliá-lo nas braçadas! Imperdível! É muito simples!

Se a chuva for leve, apenas vista seu colete e ajude quem estiver com você, depois é só desprender o banco e deixar que a correnteza te leve. Você para um lado e aquele tão sonhado e planejado carrinho, tão útil, para outro. Você poderá ainda presenciar o momento emocionante em que um redemoinho o pega de jeito e leva para o rio. Completamente seguro e confortável!

Não para por aí! Você ainda barganha um lugar 10x à frente do último colocado na fila do DPVAT! Sim! Você passa na frente de 10 pessoas para conseguir seu seguro do governo! Assim, você pode ser atendido antes de 2050!! Sensacional!

E tem mais! Moradores das zonas sul e oeste da cidade ainda levam um bote inflável! Imperdível!

Compre hoje mesmo no estoque boiante do Anhembi e garanta também: uma silver-tape para seu bote!

Lembrei de um programa...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

CONSPIRAÇÃO

"João amava Tereza
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém

João foi para os Estados Unidos
Tereza foi para um convento
Raimundo morreu de desastre
Maria ficou para a tia
Joaquim suicidou-se
e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado nessa história"

Carlos Drumond de Andrade - 'Quadrilha'

Continuação....

Maria, que ficou pra tia, foi passar férias com os sobrinhos na Disney e eis, que saindo da Montanha Russa escura, percebeu que quem estava ao seu lado era João. Tinha passado 10 anos e ele tinha um filho gringo de quem deveria tomar conta no fim de semana. Nada melhor do que um parque!
Enquanto os dois sobrinhos de Maria e o filho de João selavam amizade por mímica (afinal o menino só falava inglês) no auge dos seus 8, 7 e 6 anos de idade, os amigos de infância colocavam o papo em dia. João era primo de Tereza, com quem Maria teve sérias desavenças por causa de Raimundo.
Raimundo era o filho do zelador do prédio de Maria. Todos sabiam que ele gostava dela, mas, ela muito esnobe e metida a rica, sempre desprezou o rapaz que, com 1,90 e moreno jambo, ia chorar as mágoas para João, companheiro de praia. Todo dia no fim de tarde em Ipanema, Tereza, a prima, aparecia.
Maria também acompanhava as peladas da praia, afinal, Joaquim, seu único amor participava da turma.
Da última vez que se encontraram, Maria e João estavam no enterro de Joaquim, que se suicidou dias antes do casamento com Maria. Descobriu que Lili, com quem estava saindo há uns tempos estava de casamento marcado com J. Pinto Fernandes, dono da construtora onde trabalhava como estagiário.
Assim, Maria ficou pra tia. Nunca mais quis saber de ninguém, nem de Raimundo que insistia em lhe mandar flores. Tereza entrou para o convento depois de ter sido pega na cama com João, seu primo. A avó que deu o flagra ficou cega e como penitência ela se entregou à igreja. Pediu para que Raimundo a levasse em seu fusca que capotou na volta para casa lhe custando a vida. Morreu de amor!
Passados tantos anos, João pela primeira vez reparou em Maria. Percebeu que sempre foram feitos um para o outro. Desde os idos das areias de Ipanema. Desde ali, não se separaram mais. Maria embarcou os sobrinhos e ficou na terra de Tio Sam.
As coisas na vida são simples e conectadas. Daí vem 'o destino traçado na palma da mão'. O destino está nas suas mãos. Cabe a nós abrirmos os olhos, os ouvidos e o coração para o que o mundo nos mostra, nos diz e nos faz sentir.
Acima de tudo: Copérnico estava certo: o mundo é redondo!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Fritas acompanha?

Uma das tarefas árduas em Buenos Aires é conseguir um bom serviço. Digo, ser bem atendido nos bares e restaurantes da cidade. Funciona mais ou menos assim: você chega no local, você arruma uma mesa para si próprio e espera. E espera. E espera. E uns dez minutos depois você ainda está esperando. Então, você faz um aceno. Lá pelo terceiro alguém na maioria das vezes com pressa e sem sorrisos ou paciência vai até sua mesa. Seja rápido!
O único lugar que realmente nos sentimos em São Paulo no quesito bom atendimento, por coincidência foi também a melhor refeição: El Palácio de la Papa Frita, localizado na Rua Lavalle próximo ao obelisco (tem outro endereço na mesma rua também). Com garçons limpos, simpáticos e da velha guarda.

Fachada do El Palácio de La Papa Frita

Minha mãe sempre disse que para saber se um lugar tem comida boa, é só observar se há idosos e crianças. O restaurante me foi indicado por uma amiga que frequentava o lugar quando era pequena, na compania dos pais. Dito e feito. O clássico bom, bonito e barato. O carro-chefe da casa são batatas fritas tipo 'chips' que ficam infladas como se estivessesm cheias de ar. O segredo está em colocá-la congelada sob óleo a 180 graus num processo instantâneo de põe e tira.
O principal acompanhamento é o ternero à milanesa. Para nós paulistanos, ternero é conhecido como novilho, ou seja, o boi jovem (na Argentina era muito comum a prática da 'Novilhada', uma espécie de 'Tourada' local. O famoso tango 'Por Una Cabeza', de Carlos Gardel fala sobre o assunto). Assim a carne está mais macia do que nunca. O melhor de tudo é que o prato precedido de uma cesta de pãezinhos e bolachinhas, acompanhado por uma 'gaseosa' (refrigerante) e um 'postre' (sobremesa) sai por 27 pesos, ou seja, cerca de R$ 13,50.
Vale ressaltar que a quantidade que vem no prato é tamanha que o que sobrou fizemos a famosa 'quentinha' e levamos. Nos nutriu pelos próximos dois dias, bem conservado em geladeira.


Fachada da Confiteria La Ideal

Outros lugares 'das antigas' onde o atendimento não é igual, mas é 'ok', são a Confiteria La Ideal, o Café Tortoni e, O Sanjuanino. No primeiro, Madona viveu Evita, pois trata-se da Confiteria mais antiga da cidade. Uma espécie de Confeitaria Colombo decadente. Bem decadente. Mas pareceu limpa, embora o garçom, um senhor de uns 70 anos, tenha nos atendido mastigando algo e com o uniforme desgrenhado. Uma boa empanada. É um local tradicional entre os porteños.


Fachada do Café Tortoni

O Café Tortoni poderia também ser comparado à Confeitaria Colombo, dessa vez pela sua manutenção e boa restauração, mantendo a aura dos tempos de vacas gordas argentinas. Aliás, o reflexo da crise está em todos os lugares: desde os choriços, que enchem de nostalgia os amantes da verdadeira 'parrilla' que hoje em dia tem que ser importada do Uruguai até os famosos churros, tão típicos espanhóis (e consequentemente suas colonias e ex-colonias) e tão mais típicos no Café Tortoni, mas... em falta até março. Tomamos um bom vinho e assistimos um excelente show de tango.


Fachada da Empanada Sanjuanino
Já a Sanjuanino localizado na Recoleta é o restaurante mais antigo da cidade com uma ótima empanada, vale a visita. O local parece com aquelas antigas 'tabernas' e os frequentadores parecem ter a mesma idade que o local. Aliás, é bem próximo da embaixada do Brasil. Chique, viu.


Conclusão: Se nossos hermanos quiserem sair dessa crise seria interessante aprender a tratar bem principalmente os turistas. São Paulo entendeu isso e hoje é reconhecido como um dos lugares de melhores serviços no mundo. Até os Estados Unidos já estão tratando os clientes mil vezes melhor do que antes da crise. E aí? Bora reagir?

Vá lá:

- Sanjuanino (Empanadas): Posadas, 1515 - Recoleta (casi con Callao) - Ciudad Autónoma de Buenos Aires
- Palácio de Las Papas Fritas (Refeições): Lavalle, 735 (Carlos Pelegrini) - Ciudad Autónoma de Buenos Aires
- Café Tortoni (Confeitaria e Tango): Avenida de Mayo, 825 - Ciudad Autónoma de Buenos Aires
- Confiteria La Ideal (Confeitaria): Suipacha, 380 - Ciudad Autónoma de Buenos Aires


Ouça: 'Por Una Cabeza' com Carlos Gardel.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pense no Haiti... reze pelo Haiti


Hoje pela manhã, estava no trânsito ouvindo CBN e uma notícia me emocionou bastante. Dizia que o avião da FAB com piloto e co-piloto, saiu do Haiti para o Brasil transportando o corpo de D. Zilda Arns, mais quinze soldados do exército brasileiro que estavam a trabalho no país.
Imediatamente lembrei de uma história que meu avô, que foi criado em fazenda em Piracicaba nas décadas de 1920 e 1930, contava. Ele dizia que em 1932 quando teve a revolução de São Paulo contra Minas e o Rio de Janeiro, foram escalados alguns jovens da cidade para irem ao front. Um trem sairia da estação levando todos. Foi a maior festa, com direito a fogos de artifício para comemorar e incentivar os bravos guerreiros piracicabanos. Uma semana depois voltou o primeiro trem e começaram a chegar os caixões.
Fiquei pensando sobre o sentimento desse piloto e desse co-piloto vindos do terremoto, nessa árdua tarefa de repatriar os restos humanos. Pensei nos pilotos da U.S. Army que praticamente todos os dias transportam os corpos dos compatriotas.
Pensei principalmente em D. Zilda Arns, que morreu fazendo caridade e, em suas mais de milhão de famílias atendidas pela pastoral da criança. Um trabalho que o próprio governo, desde 27 anos atrás, não conseguiu fazer (nem se esforçou tanto, afinal, eles tem mais o que roubar...) e ela com força, coragem e muita fé, uniu um batalhão em prol da infância praticamente erradicando a subnutrição infantil no país.
Mais de tudo, uma música do Caetano Veloso me parece mais atemporal do que nunca... trata-se de 'Haiti' do album 'Tropicália 2' lançado em1992.



terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Também vai pegar você

Dentre as coisas interessantes que restam a Buenos Aires está o seu lado cultural que é riquíssimo. Desde a cultura gastronômica até a das artes visuais ou cinema. Não é segredo nesse blog que o filme que mais me surpreendeu e emocionou nos últimos tempos é 'O Segredo de Seus Olhos' do Juan Jose Campanella com Ricardo Darín. Imperdível ! Para quem não sabe, nos últimos 10 anos o cinema argentino retomou lugar de destaque na 7a. arte mundial sendo hoje em dia o maior representante da América Latina deste setor, salvo 'acontecimentos' como 'Cidade de Deus' e o consequênte 'boom' de Fernando Meirelles (que em seguida fez 'Blindness' com os gringos).
Ricardo Darín é o ator que hoje melhor representa as fases do cinema argentino. O reinício com 'O filho da noiva' também de Campanella, que em pleno 2001 falava da crise argentina em seu ápice e tinha como temática o Mal de Alzheimer, no melhor do 'para bom entendedor meia palavra basta'. Em seguida o simpático 'Lua Avellaneda' manteve a decolagem e a direção é do mesmo. Lucrecia Matel surge no caminho com seus filmes e destaque para 'La Niña Santa'. Foi para 'as cabeças' com 'Kamchatka' de Marcelo Pyñero e também com atuação de Cecília Roth (que é uma das musas de Almodóvar). Todos, menos o de Lucrecia, têm Darín no elenco.
Fato é que 'El secreto de sus ojos' estava nos cinemas e nas barraquinhas de camelô por toda Capital Federal. Aliás, diga-se de passagem, era vizinho de bancada do nosso 'Tropa de Elite' que ao contrário do que muitos pensam tem o mesmo nome em espanhol e não 'Truepa del Elite'. Inclusive o rap clássico do filme toca em todas as baladas.
Acho que já coloquei aqui, mas, segue o trailler de 'El Secreto de sus Ojos' que deve chegar no Brasil em breve.



Trailler do 'Truepa...'

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

La Noche - Museum (BsAs)

Se tem uma coisa que os porteños sabem fazer é 'fiesta'. Balada, em português. Balada boa! Não é qualquer balada. É daquele tipo que por aqui, quem tem sorte de ir em uma por ano, está no lucro. Quem não se lembra de alguma festa de formatura ou casamento memorável, onde a bebida estava boa, as pessoas bonitas, a música excelente e todos se acabaram de dançar, beber e dar umas piscadelas para o alvo certo (não precisa ser único)?
Pois é, 'la noche' em Buenos Aires trás supresas inesquecíveis. A Museum é um lugar de quatro andares no estilo 'Teatro Oficina' em São Paulo. No térreo fica a pista e os andares sobem como mezanino. A música vai de anos 80 atualizado às atuais Black Eyed Peas, Shakira. Christina Aguillera, Madonna (sempre) e outros clássicos como 'I´m free'. Atenção meninas: homens bonitos! Muitos homens bonitos e todos te querendo!
Conversando com uma amiga que é expert em Buenos Aires e amante inveterada da cidade, fui informada do seguinte (com o maior entusiasmo):

- Aqui são as gurias que escolhem. Dar teu e-mail pra um guri é certo que dia seguinte ele tá na tua porta!

Entendi o que ela quis dizer, mas, ao mesmo tempo, pensei 'cá com meus botões': "Peraí, mas, quem escolhe sempre sou eu". Digo 'eu' na verdade generalizando, por mais que saibamos que muitas desistem do que acreditam ser inatingível (por que??) por pura insegurança ou ainda aquelas que topam qualquer 'presepada' para não ficarem sozinhas, por pura insegurança também. O que se cria com isso? Uma sociedade onde quando quem telefona no dia seguinte é a mulher, essa é vista como 'fácil', 'vagabunda' e, mesmo aqueles que dizem que 'isso não tem nada a ver', na verdade acham meio 'moderno demais'. Não conheço casal brasileiro que tenha dado certo tendo a mulher 'investido' mais.
Por outro lado, isso cria um jogo mais difícil para nós mulheres, quando realmente queremos algo. Não basta só querer e ir atrás. Temos que fazer o outro querer mais e ele vir procurar, senão, por aqui, não rola. (E é disso que eu estou com uma preguiiiiça!).
Localizada em plena San Telmo, o galpão muda de endereço nas férias de verão indo para um local em Palermo Hollywood menor e mais intimista, dividindo ambiente com um charmoso restaurante que se chama 'Godoy'.


Clique na foto e ouça o que mais tocava na balada:



sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O que aconteceu com a Argentina?

Señoras e Señores, los presento: 2010!!!

Com essa introdução 'portunholesca' começo os posts do último ano da década. Declaro aqui que a Argentina está como meu 'espanhol': mais pra lá do que pra cá! Coincidência ou não, assim como Havana que já foi chamada de 'Paris do Caribe', a Argentina já foi chamada de 'Europa da América do Sul'. Que mãe da nossa geração não achava chiquééérrimo ir às compras na Calle Florida e esquiar em Bariloche?

Infelizmente, nuestro hermano não é mais o mesmo! O que aconteceu? A resposta é simples: corrupção e crise. Basicamente.

Hoje, caminhar pelas ruas de Buenos Aires nem de longe lembra Paris ou Madrid. Aliás, está muito mais para Havana (mas lá, há comida para todos, hospitais, habitação mesmo que em péssimo estado de conservação e, escolas). Caminhar na Avenida de Mayo é tropeçar em lixo e tapar o nariz para o mau cheiro. Uma pena.

Assim como o centro de cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, a beleza está em saber olhar a arquitetura e a história do lugar e não mais no deslumbramento de primeiro-mundo que um dia já nos proporcionou. Claro que há sempre aquelas pessoas da seita: 'antes pobre na Europa que rico no Brasil' que acham o máximo estar fora do país, afinal, tudo que vem do exterior é melhor.

A cena mais engraçada que presenciei foi na loja Zara da Calle Florida. Em busca dos tais descontos que dizem ser imperdíveis, eu e Carol pechinchamos um shortinho que era o único que valia a pena por preço e produto. Mesmo sendo 'Made in Brazil'. De resto, fazendo a conversão (o que seria errado economicamente falando, mas, nesse caso é o correto pois trata-se de economia no bolso e não de investimento), tudo muito caro.

Eis que chega o marido falando em português, brasileiro, claro, como metade da população de Buenos Aires nessa virada de ano. Estava mais barato ir para lá do que para o litoral norte de SP.

- Vou levar essas cinco. (Todas 'Made in Brazil' com preços se convertidos caríssimos. Na mesma loja aqui no Brasil custa muito menos)

Nesse momento um segundo casal surge, também falando em português. A mulher diz:

- Não acredito! Vocês por aqui? E aí? Comprando muito? Aproveitando os descontos??

Gente, perai, eu nunca fui a melhor aluna, muito menos de matemática, mas, é uma questão de contas simples. Operações básicas para descobrir que a Argentina está caríssima! Não é uma questão de ter ou não dinheiro, é uma questão de ser ou não inteligente! É o mesmo produto!

Com o desenrolar da conversa entre os casais, percebi que são pessoas que tem bons cargos nos seus empregos, devem ganhar relativamente bem, mas, não lêem um só livro, não entraram em um só museu. Ok, cada um do seu jeito, afinal, eu não pude comprar futilidades que até gostaria porque além de ter sido roubada (com direito a levarem minha câmera e tudo), gastei o que tinha em livros, cds e dvds. O que para eles, com certeza, não tem a mínima serventia e isso, não é certo, nem errado.

Mas que tá tudo caro, tá! E que tá tudo detonado, tá também! E aos poucos vou soltando videozinhos e fotinhas.

Feliz 2010!