segunda-feira, 28 de setembro de 2009

FESTIVAL DO RIO 2009 - VOGUE: EDIÇÃO DE SETEMBRO




Strike a pose ou O diabo não é tão feio quanto lhe parece....





"Vogue: s. 1. voga; 2. moda; 3. popularidade"

Acho que preciso conversar com minha xará Laureen que foi assistente da toda-temida e toda-poderosa Anna Wintour e que escreveu 'O Diabo veste Prada' em 'homenagem' à ex-patroa. Começo a suspeitar de 'vingancinha' por lhe fazer trabalhar sem descanso. Hoje assisti ao documentário 'Vogue- The September Issue', que é realmente um registro do trabalho da tal bruxa má.
Ok. Não sou uma imbecil tão completa a ponto de acreditar que seja realmente tudo verdade e que nada tenha sido cortado, mas, também acho pouco provavel que a edição seja tão boa a ponto de criar uma mentira para desfazer o sucesso da ex-estagiária. Então vamos ficar assim: tanto Anna como Laureen (coincidencia ou não meu nome de batismo é Ana Laura....) são humanas e isso consiste em ser boa e ser má ao mesmo tempo.
A Anna é sim a mocinha da história dela. E que mocinha! É só pensar a responsabilidade que é editar uma revista, ou melhor, uma publicação como a Vogue americana por anos. Só a edição de setembro, que é a mais importante do ano por ser o inicio do ano da moda, ou seja, o lançamento da coleção outono/inverno e, neste caso o que vai vestir o mundo no ano seguinte, teve em 2008 840 páginas. Atenção: 840 páginas! É maior que a maioria dos livros que você já leu! Ela tem um ano para deixar isso pronto fora as edições mensais.
A crítica sempre no afã de encontrar algo que justifique 'xiliques a toa', publicou que no filme mostravam ela 'jogando fora um ensaio fotográfico que havia custado cerca de 500 mil dólares'. Primeiro que ela não jogou fora, nem rasgou nem deu escândalo. Ela descartou fotos que não gostou. Essas eram da celebrity Sirena Miller, tiradas especialmente por Mário Testino em Roma. Realmente, mesmo para quem não trabalhe na área, é compreensível isso acontecer quando o fotógrafo não tinha as famosas 'rebarbas' (fotos extras) e quando o que ela havia combinado com ele não foi seguido à risca. Ela havia pedido fotos que não foram feitas.
A Revista Vogue tem uma tiragem mensal de cerca de 2 milhões de exemplares. Um exemplar custa algo em torno de R$ 40,00. Isso significa que por mês estamos falando de pelo menos R$ 80.000.000,00 e ao ano R$ 960.000.000,00. Acha mesmo que 500 mil dólares ou 1 milhão de reais importam? Ah! Esse valor seria só nos Estados Unidos, não esqueçam que mesmo sendo a Edição Norte-americana podemos encontrá-la no mundo todo.
Agora voltando ao principal: quem acha que ela tem que ser bem boazinha e se arriscar a perder não só o emprego mas a confiabilidade ou o status que nesse caso seria apenas o início da ruína não só dela mas da empresa que não é dela e de centenas de pessoas que trabalham com ela ou para ela? Não falo apenas no sentido 'ego de artista' que se alguém não gosta do que foi feito a pessoa não trabalha mais até o outro se retratar... (algo bem dramático mesmo...). Anna é muito mais prática. Ela quer resultado. Ao contrário do que falam que ela chega a ser mal educada, discordo. Ela é 'sêca na paçoca' mas no filme todo não a vi pedir algo sem um por favor ou um muito obrigado.
Vi mais! A vi em sua casa com sua filha a quem parece ter muito carinho e a filha por ela. Mãe e filha. Família mesmo. Até para o documentarista a vi esboçar alguns sorrisos. Ela quer resultados. Ela precisa de resultados. Não pode bobear. É entendível que não se envolva afetivamente com que trabalha pois senão a cobrança fica muito mais dificil e o resultado positivo mais longe. Admiro.
O documentário mostra também que a Vogue não é só Anna Wintour. É também Grace Jones, que começou na revista como modelo e hoje é editora de arte. Ambas entraram na revista na mesma época. Anna reconhece e respeita o trabalho de Grace, mas, como os demais ela algumas vezes também recebe cortes em seus projetos. Agora pergunto: alguém conhece Grace Jones?
Acho dificil. Pois saibam que a edição de setembro de 2008 foi quase inteira de Grace Jones, mesmo que os nomes de capa fossem Siena Miller e Mario Testino. Grace tem 150% a mais de espaço com suas criações que as celebridades. E além disso, Grace dá uma aula de como manter seu emprego e a ética profissional com calma e... trabalho. Ela quase teve todo seu trabalho no lixo. O que fez? Ficou de mal-humor 1 dia a partiu pra luta.
Se por detrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher. Por trás de uma grande mulher como Anna Wintour tem sempre uma outra grande mulher como Grace Jones.

Para marofar legal:

Leia:


Ouça:

- Suddenly I see - KT Tunsdall (Tema de 'The Devil Wears Prada')

Assista:

- O Diabo veste Prada. (O filme, com Merryl Streep e Anne Hataway)
- O Viado vesta pra dá. (Uma sátira ao filme com o travesti Thália Bombinha)

Websites interessantes:

- O Diabo Veste Prada (Oficial - muito bacana! Tem até joguinho!)
- Chic - de Glória Kalil (nossa versão brasileira)

SERVIÇO: 'Vogue: September Issue' ('Vogue: a Edição de Setembro') - Documentário - Anna Wintour, Grace Jones e Outros. USA. 2008.

FESTIVAL DO RIO 2009 - O SEGREDO DOS SEUS OLHOS


Escrito nos seu olhos...


"Tente entender não aquilo que as pessoas escondem, mas, o que elas querem mostrar"
Professor B. Schianberg - fictício do livro 'Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios' de Marçal Aquino


"Não existe 'a' justiça, mas existe 'uma' justiça" -
Irene, personagem de Soledad Villamil em 'O segredo de seus olhos' de Juan Jose Campanella.

Tem aqueles filmes que a gente assiste e nem tem o que dizer. Fica mudo. O filme surpreende em tudo. Em tudo aquilo que você achava que não podia mais se surpreender principalmente. Fica entalado na garganta, falta ar. Você não tem o que mais fazer que não aplaudir muito.

'O segredo dos seus olhos' de Juan Jose Campanella começa como mais um filme argentino com Ricardo Darín. Quando o ano de 1974 é citado você pensa que já viu tudo: mais um filme sobre a ditadura argentina, tortura, desaparecimentos, filhos sem pais, injustiças. De todos esses ítens a ditadura faz praticamente uma figuração em não mais de três cenas e o grande protagonista é o último ítem. Os outros não chegam a participar.

Um assassinato brutal. Estupro seguido de homicídio a ponto do estado do corpo da vítima, uma mulher de 23 anos assustar até peritos. Começa então a busca pelo culpado. Imediatamente o caso é arquivado e dado como encerrado, mas, Sandoval (interpretado pelo excelente ator Guilhermo Francella) convence Espósito, seu chefe (Darín) que algo não está certo nisso. Ambos trabalham em uma repartição pública, um tribunal de justiça.

Pela hierarquia Espósito é chefe de Sandoval e subordinado de Irene (a belíssima Soledad Villamil) de quem sempre foi apaixonado não declaradamente, e de quem suspeitava que também tivesse uma leve 'queda' por ele. Também não declarado, afinal ela era noiva. Os dois trabalharam juntos por mais de vinte anos. Nunca tiveram coragem de falar nada. Vinte anos.

Além das reviravoltas na trama até um ponto previsíveis e mais próximo do final surpreendentes, esse filme deixa um gostinho de 'se arrisque'. Não só no amor, mas, na vida. Há um grande e importantíssimo questionamento sobre viver no passado, viver de passado e esperar a vida passar. Espósito é assim, enquanto Irene vive o hoje, vira a pagina para não pensar e vai fazendo sua vida. Ela mesma o acusa de 'lerdo' diversas vezes e nem assim ele toma uma atitude em relação a ela.

Espósito que tem como questão de honra solucionar o assassinato e para isso nada teme, nem mistérios, nem ladrões, nem armas, para se declarar e arriscar-se com aquela que é seu grande amor e objeto de desejo, mesmo ela dando sinais de que pode acontecer, não vai. Sabe aquela música do Vinícius 'Canto de Ossanha'? Aquela que diz: 'o homem que diz vou, não vai (...) vai, vai, vai, vai... não vou (...) vai, vai, vai, vai, viver!". Espósito vive a vida dos outros e é a todo momento lembrado pelo marido da vítima sobre isso.

Campanella, que também dirigiu Darín em 'O Filho da Noiva' e 'Lua Avellaneda' sabe que tem nas suas mãos um dos atores mais charmosos do cinema. A começar pelos seus olhos azuis. Soledad foi dirigida por ele em 'El mismo amor, la misma lluvia' e é dessas pessoas especiais nas artes: transita livremente e magistralmente pela música, pelo teatro, pelo cinema e pela televisão nos papéis de cantora, atriz, produtora e diretora. Daqui alguns anos pode vir a ser a Marília Pera poteña.

Característica marcante dos filmes de Campanella são também a textura, a fotografia e a direção de arte. É algo muito preciso. Muito 'no ponto'. Perfeito para a atmosfera que se cria e para em um momento de clímax encorajar o herói a enfrentar frente a frente o que lhe afligiu por mais de vinte anos.


Para marofar melhor, assista:

- Outros filmes de Juan Jose Campanella: 'O filho da noiva', 'Clube da Lua' - ambos com Darín;
- O filme 'Kamchatka' com Ricardo Darín e Cecília Roth e direção de Marcelo Piñeyro é o único filme com roteiro comparável;
- O filme' Não é você, sou eu' de Juan Tarauto com Soledad Villamil

Ouça:

- Mercedes Sossa - é sempre bom para entender melhor a argentina;

Veja o(s) site(s)


SERVIÇO:

'O segredo de seus olhos' - (El secreto de sus ojos) - Direção: Juan Jose Campanella. Elenco: Ricardo Darín, Soledad Villamil e Guilhermo Francela. 2009. Argentina. Drama. 127 min. Indicado para seleção oficial dos festivais de Toronto e San Sebástian em 2009.

Classificação SantaMarofa: Uma baita marofada com direito à larica!

A hora da verdade!

Só um aparte no Festival do Rio, cujos textos passarão por uma melhoria e estarão de volta depois de amanhã:

Se você é daquelas ou daqueles que só de pensar que algum possível parceiro sexual (ou seja uma possivel trepadinha) sua deu 'umazinha' com aquela(e) 'x' que você odeia e isso te faz perder todo o tesão, seus problemas se aumentaram!
Agora podemos calcular o número aproximado de parceiros indiretos que tivemos! Ou seja: daqui a pouco os namorados(as) vão começar a se preocupar não só com quantas(os) você andou de verdade, mas com quantas(os) indiretamente! Como se uma coisa só já não fosse dificil o bastante admitir! (Seja saldo mais para o positivo, seja saldo mais para o negativo depende da idade)
Logo menos vão fazer sua calculadora de orgasmos!
Se interessar clique aqui e use a engenhoca! Have fun!

sábado, 26 de setembro de 2009

FESTIVAL DO RIO 2009 - A FALTA QUE NOS MOVE


Ou aquilo que nos preenche.

Sabe aquela brincadeira do ‘Eu nunca’? Consiste em um jogo da verdade ao contrário. O perguntador dirige a questão de forma afirmativa. Não se pergunta. Se afirma: ‘Eu nunca....’ e completa-se com alguma ação. Se a carapuça serve ao questionado, este paga um mico, senão, a brincadeira segue.
Normalmente esse tipo de jogo acontece quando um grupo de amigos precisa passar algum tempo junto. Não é das mais preferidas, pois brigas e discussões sempre acontecem. Os ânimos costumam se alterar facilmente. As pessoas se conhecem bem e isso acaba sendo para descobrir aquilo que não se quer mostrar.
O filme ‘A falta que nos move’ de Christianne Jatahy propôs manter cinco pessoas amigas dentro de um local fechado para executar uma tarefa e se socializarem por algumas horas. Para a experiência cuja fotografia digital é de Walter Carvalho, ela convidou os atores-personagem (são chamados pelos próprios nomes, o que deixa o espectador em duvida se se trata de ficção ou realidade): Kiko Mascarenhas, Pedro Bricio, Cristina Amadeo, Daniela Fortes e Marina Vianna. Há um sexto personagem muito importante, mas, nem sempre lembrado durante a obra: o roteiro. Existem tópicos a serem seguidos além de mensagens enviadas aos celulares dos atores pela diretora. Não sabemos se todas suas ações são guiadas ou se muitas realmente saem do controle, como a briga entre Pedro e Kiko.
Que alguns assuntos colocados são verdade, é sabido. Kiko Mascarenhas coloca ‘na roda’ o nome do irmão de Pedro, Roberto, morto por overdose de Novalgina. A guerra esta declarada. Kiko alias, desde a chegada de Pedro na casa onde estão todos se torna seu grande provocador, como se a simples presença o incomodasse. Isso leva os espectadores a pensarem sobre a relação deles já que Kiko se diz bissexual pode haver ai uma paixão platônica. Sabe quando começa a provocar demais? A tal historia de amor e ódio.
A paixão alias permeia boa parte do enredo. Cristina quer a todo custo transar com Kiko. A típica ‘necessitada’. Não perde a oportunidade de tirar a blusa dançando, de fazer xixi de porta aberta e de ‘segurar no pau’ do colega, que sempre pede gentilmente para ela parar. Chega a ponto de tirar a roupa em cima de uma cama e conseguir pegar as calças dele que, nitidamente não esta a fim.
Já Daniela tenta por outro lado. Sabemos que no fundo a carência dela e de Cristina é a mesma: falta de amor, falta de amante. Daniela faz menção a ter tido qualquer ‘tico-tico no fubá’ com Pedro. Que não levou o caso a serio e até ‘tirou com a cara’ dela ao ser convidado para um café posterior para conversarem. Clássico de final de romance ela quer conversar e ele se esquiva. Ela quer entender e ele sai fora. Ela se pergunta porque ainda não aprendeu a lidar com isso e acha que quem esta se enganando é ele, a quem ela diz ser covarde por não assumir seus sentimentos. A única que passeia bem entre ambos é Marina, que é casada e é quem coloca as musicas da trilha sonora da casa, enquanto Kiko se estressa em cozinhar para um tal convidado que deve chegar a qualquer momento e tem preocupação demais com o roteiro a ser seguido.
Todos tem cerca de 30 a 40 anos. Suas questões mais intimas são colocadas e regadas a champagne e vinho. Cristina brinda o pai ausente, Pedro brinda a vida e seu irmão, Marina e Kiko brindam ‘a essa palhaçada’ e Daniela brinda o amor. Como em ‘Esperando Godot’ de Beckett eles estão ali até não se sabe quando esperando não se sabe o que. Estão esperando.
Há um certo 'q' de 'Nós que nos amávamos tanto' de Ettore Scola. Reencontro de amigos, lavagem de roupa suja e principalmente amor. Porque todos brigam, discutem, 'quebram o pau', mas, se gostam. E muito.
A direção é bastante acertada. O filme prende a atenção. A edição faz experimentações. Uma obra de arte como deve ser. Um filme com proposta. Uma experiência para todos: quem faz na frente ou atrás das câmeras e quem assiste. Um filme escancarado e reflexivo sobre as crises dos 30 e dos 40. Existencialismo. Identificação. Um filme de verdade. Quer ver? Segundo o exposto no filme, a quem nunca faltou: um irmão, um amante, um amor, um pai, uma mãe, grana, sexo, um amigo de verdade, regra (mesmo que seja a de quebrá-la)? A quem nunca faltou solidão? A quem nunca faltou arrependimento?
Pode pagar o mico.
Para marofar mais legal:
Para ouvir:
Para ver:
- Eduardo Coutinho também tem 'brincado' com essa história de ficçãoxrealidade. Assista: 'Jogo de Cena' e 'Moscou'.
Para ler:
Serviço:
'A falta que nos move'
Direção: Cristiane Jatahy
Roteiro: Cristiane Jatahy e elenco.
Elenco: Kiko Mascarenhas, Pedro Brício, Marina Vianna, Cristina Amadeo e Daniela Fortes.
Drama - 95 min - Brasil - 2007.

Classificação por Marofada: (0-5): 4 boas marofadas.

FESTIVAL DO RIO 2009 - SALVE GERAL






And the winner is not ....

‘Salve Geral’ de Sergio Rezende é o candidato do Brasil a uma vaga no Oscar 2010 como melhor filme estrangeiro.
Primeiramente vamos deixar claro que o indicado é um bom filme. Como história não surpreende, o enredo é mais do que conhecido: filho vacilão e rebelde mãe iludida e super-protetora fazendo de tudo e mais um pouco para livrar a cara do seu ‘gracinha’. Esse cenário cadeia e meu filho é santo já foi mais do que exibido e falado. ‘Carandiru’ de Hector Babenco que se passa dentro de um presídio, ‘Ônibus 174’ que é mais um dos de ‘mães de bandido’.
A própria Andréa Beltrão recentemente protagonizou ‘Verônica’, um blockbuster de 2ª categoria onde vivia uma professora da rede publica de ensino, sem marido ou filhos que ‘adota’ involuntariamente um garoto cuja família foi chacinada e a quem ela deve proteger. Em ‘Salve Geral’, Andréa á Lucia, uma viúva que perdeu sua pensão e viu seu padrão de vida despencar. Não bastasse isso, seu filho Rafa (Lee Taylor) se mete em ‘rachas’ e acaba por assassinar um homem que o ameaçou. Lúcia que agora é moradora de subúrbio não acredita que o filho seja culpado e mesmo depois de provado ela tenta por diversas maneiras achar justificativas e acaba por se meter no crime pesado.
Quem a leva para esse universo é o personagem da mais que excelente Denise Weinberg, a Dra. Wanda. Cafona, brega, barraqueira, sem caráter, baixo nível geral, essa Re Bordosa da vida real surpreende por quem a interpreta. É sabido que Weinberg tem ampla e premiada carreira teatral tendo pertencido por anos ao Grupo Tapa (um dos mais importantes grupos de teatro) e por ter sempre interpretado mulheres fortes, tradicionais independente da classe social. Seus personagens típicos poderiam ser resumidos em ‘Tio Vânia’ de Anton Tchekov dirigido por Sergio Brito, a Sra. Amália Matarazzo da minissérie global ‘Maysa’ e Estela do filme de Walter Salles e Daniela Thomas ‘Linha de Passe’. Ao que consta, a atriz foi buscar em Plínio Marcos a Neusa Sueli que interpretou com Eduardo Tolentino no ‘Navalha na Carne’ na década de 1980.
A Ruiva, como a personagem é conhecida no ‘metiê carcerário’, é a porta voz e agitadora principal do ‘Salve’ que parou São Paulo numa segunda feira às 16 horas da tarde d 2006, por puro pânico, graças ao PCC, facção política que nasceu e cresceu na cadeia paulista. Em seu núcleo atua a nata do teatro paulista como Bruno Perillo (do Grupo Folias D´Arte) no papel de ‘Professor’ e Guilherme Sant´Ana (do Grupo Tapa) como ‘Pedrão’. O elenco é o maior mérito do filme.
Como obra de arte diz pouco. Efeitos mirabolantes e inovadores? Não. Montagem inovadora, cortes diferentes e tomadas experimentais ou dignas de premio de fotografia? Não também. Produção difícil e impecável? Difícil não. Com cenários reais a dificuldade passa a ter um caráter mais burocrático do que realista. Impecável sim, nada saiu do contexto. Um roteiro excelente? Um roteiro inteligente e detalhista quanto aos personagens e muito bem costurado.
Vale Oscar?
E para que vale o Oscar?
E para que vale enviar ao Oscar um filme que não vai lhes agradar?
Felizmente para muitos, mas infelizmente também para muitos, o filme não vai estar nem no páreo. Não faz o estilo.
Também dirigido por Sergio Rezende em 1997, ‘Canudos’ estaria mais de acordo com a estatueta, pois trata de um regionalismo brasileiro. Algo pelo qual o Brasil é conhecido lá fora: miséria, nordeste, paisagens paradisíacas de florestas ou praias e, favela. ‘Salve Geral’ é São Paulo. É um mar de prédios cinza, classe media, sudeste... podia ser um pais europeu facilmente. Estamos oferecendo nossa melhor carne de vaca aos indianos.
It´s not the winner....


Para marofar:

Para ver Sérgio Rezende:
- 'Canudos' de Sérgio Rezende, com Marieta Severo, José Wilker e Claudia Abreu. Brasil, 1997.
- 'Mauá,o Imperador e o Rei', com Paulo Betti e Malu Mader. Brasil,1999.
- 'Zuzu Angel', com Patrícia Pillar e Daniel de Oliveira. Brasil, 2006.
- 'Lamarca' com Paulo Betti e Carla Camuratti. Brasil, 1994.

Para assistir assim que tiver oportunidade:
- Grupo Tapa
- Grupo Folias D´Arte

Para pensar:
-Ataques do PCC em São Paulo

Filmes brasileiros indicados à Oscar:
- Listagem completa

Serviço:
'Salve Geral', Direção:Sérgio Rezende, Roteiro: Sérgio Rezende, Elenco: Andréa Beltrão, Denise Weinberg, Lee Thalor, Guilherme Sant´Ana, Eucir de Souza, Bruno Perillo, Cris Couto, outros.
Drama - Brasil - 119 min. - 2009.

Representante do Brasil para indicação ao Oscar 2010.

Classificação SantaMarofa: uma marofinha só.

FESTIVAL DO RIO 2009 - ROCK BRASILEIRO - HISTÓRIA EM IMAGENS.



ESSE TAL ROCK AND ROLL

Didático. Documentário feito para ser exibido em escolas de ensino médio. Narração, linha de tempo em seqüência realista. Fatos jornalísticos. Poderia ser um Globo Repórter não fossem alguns detalhes de arte. Nem por isso é ruim ou chato. É simplesmente didático. E fossem todos os documentários didáticos bem feitos assim, não haveria o trauma dos filmes para se assistir na escola.
Talvez o que realmente seja bom seja o rock nacional e não o filme em si que artisticamente diz muito pouco. Depoimentos em plano americano com o entrevistado sentado e tratamento P&b. Parece que os depoentes foram selecionados para representar épocas, mas, no decorrer do documentário isso se confunde.
Da época inicial do rock no Brasil, o único depoente foi nossa versão de Keith Richards – Erasmo Carlos. Mesmo tendo aparecido quase uma geração depois, afinal, a primeira foi a de Cely Campello e Jerry Adriani (Cely já partiu dessa, mas Jerry é o Elvis brasileiro! Cadê depoimento dele?). Da mesma geração do Erasmão, cadê depoimento da Wanderléia? Nem estou falando no Rei que é outro escalão fenomenal, mas, cadê o Eduardo Araújo e a Silvinha? Cadê os Vips? Cadê Titio Ronnie?
Em seguida pula-se a geração da década de 1970. Rita Lee, Arnaldo e Sergio Batista, Ney Matogrosso, Eduardo Dussek, 14 Bis... Rita ainda deu o ar da graça em alguns (pra dizer a verdade um) vídeos caseiros. Os demais apenas foram citados e apareceram em fotografias. Coloca-se então os produtores das ex-grandiosas e todo-poderosas gravadoras: Liminha (que foi do Mutantes de Rita, Arnaldo e Sérgio no fim de carreira), João Araújo (pai de Cazuza e ex-todo poderoso da Som livre), a produtora do Circo Voador que descobriu muitos talentos no inicio dos anos 80 (que fique claro que ela era mera funcionária e não descobridora de talentos) e outros dois ou três produtores musicais.
Então o documentário ateve-se mais a mostrar e falar do rock na industria musical do que o Rock Brasil propriamente dito. E mesmo assim faltou gente! E como! Talvez os mais importantes. Representando a geração 80, Charles Gavin dos Titãs era o único realmente com embasamento para contar e pensar e história do rock. Erasmo é a testemunha viva e Gavin é o conhecimento. Ainda nos 80, Fernanda Abreu (Blitz!), Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), João Barone (Paralamas do Sucesso) e Dado Villa-Lobos (Legião Urbana) tiveram depoimentos breves sobre sua vida na música. Representando os anos 90, caro leitor, é melhor sentar: o baterista do Raimundos (não lembro o nome), Henrique do Skank, Rogério Flausino (do Jota Quest). Eu falei para sentarem. Ou então, por favor, alguém me explique desde quando esses indivíduos são sumidades no assunto se nem o que deviam fazer fazem lá muito bem.
Um sem numero de pessoas muito mais interessantes deveriam ser entrevistadas. Gostaria de saber qual foi o critério para seleção dos entrevistados. Será que foi o critério ‘quem topa’? Sinceramente, colega diretor, vá amasiar os bancos de uma firma qualquer, cagar diariamente e ser feliz. Mude de profissão.
Aí me pergunto: o documentário é ruim? Como já disse antes, não e ruim. A questão não é essa. A questão é que artisticamente é fraco (tudo bem se o conteúdo fosse excelente) e o conteúdo, para quem conhece um mínimo de musica é vexatório. A grande probabilidade é de que seja tão didático a ponto de sub-julgar seu publico alvo (no caso jovens de ensino médio) e querer lhes contar uma historia a todo custo sem tanta estrutura. Quem não sabe nada vai saber um pouco. Afinal o Brasil não é o pais onde semi-analfabetos (aqueles que lêem, mas não compreendem, símbolo mor da educação sem raciocínio imposta nesse pais)? Em vez de fazer algo verdadeiro, vamos enganar com o que se consegue. Pensamento bem escola pública.
Para finalizar e aí o público cai na gargalhada é quando dizem que os novos representantes do Rock nacional são bandas como CPM22, NxZero e Fresno. Pitty deu seu depoimento no que concordo. De um tempo para cá ela tem mostrado que pensa rock e isso é independente de se gostar ou não de suas musicas. Eu disse gargalhar? Pois devíamos é chorar de desespero e vergonha.
Como Erasmão diz: rock é atitude! Esse filme não é rock and roll é o caretinha dando exemplos de pessoas que tem a sorte de viver da industria musical brasileira, sem claro tirar os méritos que lhes cabem. Como não falaram de experiências particulares (o que deixaria muito mais interessante), minha avó poderia ter sido entrevistada. Afinal ela já era adulta quando o rock chegou por aqui. Alias, ela conheceu antes até de chegar porque ouviu nos Estados Unidos antes de tudo por aqui. E hoje com 89 anos é mais ‘Tremendona’ que o ‘Tremendão’.
Quer mesmo saber um pouco sobre rock nacional? Então, só pra começar com os mais recentes, assista ao filme do Branco Mello ‘A vida até parece uma festa’, também conhecido como documentário dos Titãs, vá ao cinema ainda nesse semestre ver o do Herbert Vianna, corre para assistir o documentário ‘Loki’ sobre Arnaldo Batista nos cinemas e leia ‘Verdade Tropical’ do Nelson Motta para se situar musicalmente em nosso pais. Quando quiser se aprofundar um pouco mais, procure os livros da Editora Record escritos pelo Zuza Homem de Mello. Aí vocês vão entender o que eu estou falando.

Para marofar um pouco:


Para ler:

- Noites Tropicais - Nelson Motta (vamos começar pegando leve... esse livro é muito bom, tem uma linguagem bem coloquial e trás boas referências de início)

- Livros do Zuza Homem de Mello (se realmente quer saber sobre música no Brasil... aí vai!) : 'João Gilberto', 'Era dos Festivais - Uma Parábola', 'Música nas Veias', 'Eis aqui a Bossa Nova' e, 'A Canção no Tempo'.


Para ouvir:

- Programa 'Rock Brazuca' de Régis Tadeu na Rádio Usp. (Cena rockeira brasileira de todos os tempos)

- Programa 'Quintessência' com Charles Gavin na Rádio Eldorado FM, toda 5a. às 20h ou sábado às 24h. (Para quem gostou da coisa e quer saber mais...)


Para ver:

- 'Titãs - a Vida até parece uma festa' - Filme com registros feitos durante toda a vida da banda, desde os anos 80 até os dias de hoje. Isso sim é o rock nacional!

- 'Herbert-de perto' - Filme sobre o líder da banda Paralamas do Sucesso. Imperdível!


Serviço: 'Rock Brasileiro - História em Imagens'; Direção: Bernaro Palmeiro; Roteiro: Kika Serra; Elenco: Erasmo Carlos, João Araújo, Charles Gavin e outros; Documentário - 70 min - Brasil - 2009.



Classificação SantaMarofa: bafo ralo.

FESTIVAL DO RIO 2009 - A PRAIAS DE AGNES VARDA.


La vague vanguard – Agnes Varda

Antes do inicio da sessão no Festival do Rio de 2009, Agnes Varda com 82 anos apresenta seu filme autobiográfico e convida a todos os espectadores a ‘pegá-los pelas mãos e estar conosco e nós com ela, durante a exibição’. Comenta ainda que da ultima vez que veio ao Brasil foi com seu marido, já falecido, o cineasta Jacques Demy que estava lançando ‘Os guarda-chuvas do amor’, seu grande propulsor profissional e ela lançava o filme ‘Felicidade’. Isso foi há 40 anos. Quem lhe abriu as portas por aqui foi o pai da sua anfitriã de hoje tamanha identificação e afinidade que se perpetuaram. Ate a mãe deste cineasta também já falecido veio à sessão. Estamos falando de Glauber Rocha.
Varda esta diretamente ligada ao movimento da Nouvelle Vague francesa da década de 1960. Também nesta edição do festival em comemoração ao ano da França no Brasil, Jeanne Nouveau, de ‘Jules et Jim’ entre tantos outros está presente. Ambas eram parceiras de Truffaut, Godard e Demy. O desejo de Agnes era que seu documentário sobre si mesma ficasse pronto para seu aniversario de 80 anos. Graças ao tempo a mais necessário, pode-se dizer, que ela rejuvenesceu. Seu trabalho é muito mais instigante e muito mais inovador do que de cineastas iniciantes e que deveriam estar ansiosos por descobertas novas.
A começar que é mostrado aquilo que realmente é. Sem disfarces. Logo na primeira cena Agnes, na praia, brinca com espelhos. Ela conta que sempre gostou de espelhos. Poderia ser só isso não tivesse um segundo sentido: o cinema é feito com câmeras e esta com lentes e espelhos reflexivos. Outra interpretação dos espelhos pode ser a questão da ilusão de óptica. O que reflete é realmente o que vemos? O espelho é traiçoeiro, mas, a película não. Aquilo que esta ali é o que será refletido como todo.

“Cinema é luz. É a luz captada e refletida que pode ser branco e preta ou colorida” – argumenta.

As praias estão presentes na vida de Agnes desde muito pequena. Alias a paria tem uma ligação forte com o sexo feminino, pois a mesma lua que rege as mulheres, rege a maré. Para aqueles que não acreditam nesse elo e, se continuarmos nas divagações sobre os espelhos, chegamos a Sartre que diz ‘A vida é sonho, ilusão’. E prosseguimos com o mesmo: ‘existe (muito) mais coisa entre o céu e a Terra do que sonha nossa vã filosofia’.
O que há por trás da vanguarda de Varda? Ao mesmo tempo em que encarou sozinha seu primeiro filme tendo se mudado para uma aldeia de pescadores para filmá-lo com a ajuda de seus habitantes, também encarou sozinha a primeira filha, Rosalie, cujo pai ‘sumiu’ após o anuncio da gravidez.
Não tardou para encontrar Demy, seu grande e definitivo amor com quem dividiu vida e arte e quem foi o pai de Rosalie e de Mathieu, o filho dos dois que hoje é um ator renomado na França. Como boa esposa, foi por onde seu marido andou chegando a morar por dois anos em Los Angeles e se envolvendo com os registros do movimento hippie, os black panthers e o que aparecesse naquelas terras.
Como seus espelhos e como as ondas do mar, o pensamento não é único. Ele é livre. Agnes é livre. Seu pensamento se divide como a tela que por vezes em duas, por vezes em quatro e por vezes mais quadros mostram como ainda estão saltitantes seus ‘macaquinhos do sótão’. As cores da obra também se sobressai e por diversos momentos temos um filme-arte. Toda a trama da praia é perfeitamente costurada. Todos os elementos são perfeitamente afinados, coesos e coerentes. Como na musica clássica muito apreciada pela diretora. Seu preferido: Schubert, conforme sua mãe lhe ensinou.
Não há o que criticar em ‘Las plages d´Agnes Varda’, há muito que aprender, em termos de vida e em termos cinematográficos. Sem duvida um dos documentários (principalmente quando se fala de autobiográfico que aumenta muito o grau de dificuldade) mais bem feitos que já assisti.
Para marofar:
Para saber:
- Jacques Demy.
Para ver:
- Jules et Jim - de François Truffaut (este filme com Jeanne Morreau é o maior ícone da Nouvelle Vague Francesa. Jeanne, hoje com 82 anos, estava no Festival do Rio como homenageada especial e seus filmes foram exibidos).
- La pointe-courte - de Agnes Varda (primeiro filme da diretora)
- Os guarda chuvas do amor - de Jacques Demy (filme que deu visibilidade internacional ao diretor sendo convidado a trabalhar em Hollywood)
Para ouvir:
- Clássico francês, La Vie en Rose, por Madeleine Peyroux (nova clássico francês).
Serviço: 'As praias de Agnes' - Le plages d´Agnes ; Direção: Agnes Varda; Roteiro: Agnes Varda; Elenco: Agnes Varda, Rosalie Varda, Mathieu Demy e outros; Documentário - França - 100 min. - 2008.

Classificação SantaMarofa: 5 marofas!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

As time goes by...

As vezes eu tenho saudades de tempos que não vivi.
Houve uma época em que viajar de avião era algo imensamente planejado, aguardado, calculado, onde uma mistura de espírito aventureiro e glamour representavam o máximo em status e modernidade. Mulheres de tailleurs e chapéus, homens de terno e chapéus. No saguão dos aeroportos, música clássica.
As pessoas caminhavam até a escadinha que dava acesso à aeronave na própria pista de pouso e decolagem. Muitos aliás estavam ali apenas para se despedir de alguém que enfrentaria os ares ou simplesmente para ver o sobe e desce dos gigantes.
Ir ao aeroporto era um programa romântico no seu sentido mais amplos. Tanto que uma das cenas mais clássicas do cinema de todos os tempos é Ingrid Bergman e Humphrey Bougart no filme Casablanca quando pela última vez eles se declaram e na escuridão surge um aviãozinho (daqueles de dar medo mesmo) e leva a enamorada embora para sempre. Mas, we´ll always have Paris.
Minha avô era da aeronautica e minha avó tem um diploma por ter cruzado a linha do Equador com a Panair lá pelos idos de 1940. Ela inclusive viajou de Concorde de Paris à NY (hoje ele nem pode mais voar). Eu me lembro dos enormes Jumbos fretados pela Dimensão turismo na década de 1980 e que levava ao mesmo tempo uma molecada sem número para férias na Disney (também não podem mais voar).
Com as novas tecnologias viajar de avião hoje em dia é banal. É simples e até mais barato que ônibus e, como tudo que vira muito popular, a aviação perdeu parte de seu charme.
Ontem pela primeira vez viajei pela Azul. Empresa criada por um brasileiro nato, filho de norte americanos e crescido à maneira Tio Sam. O vôo equivalente à ponte-aérea Rio-Sampa sai do aeroporto de Viracopos na região de Campinas. O que me deixa ainda mais nostálgica, pois, cresci ouvindo as histórias da construção deste aeroporto em terras pertencentes à família do meu avô e desapropriada nos idos de 1950. Ainda tem alguma coisa por ali, mas, nada comparado ao de antes até pela perda monetária.
Totalmente reformado, em nada deve se parecer com o lugar onde meu pai surpreendeu minha mãe e a 'Gonzagada' toda (apelido carinhoso dado ao clã da máfia), no início da década de 1970 com flores, chocolates e o DKW emprestado do pai (não se ia ao aeroporto de fusca). O intuito era se despedir pois ela partiria para um temporada nos EUA (para quem não sabe, antes de existir Cumbica - hoje Aeroporto Governador André Franco Montoro, os vôos internacionais saiam de Viracopos e Congonhas).
Já eu, ontem, peguei um ônibus no Terminal Rodoviário da Barra Funda, cedido gratuitamente pela empresa. Meus companheiros se divertiam com celulares 'Casas Bahia'. Tiravam fotos. Pode não ter mais o glamour de antes, mas, para a maioria dessas pessoas era sim uma grande novidade além do status de chegar ao 'mafuá' de onde vieram 'di avinhão'. Anunciavam em alto e bom som nos celulares com pinduricalhos que estava chegando ao aeroporto.
Um ítem que ainda nos remetia à outra época era aquele discurso de apresentação da tripulação pelo comandante da nave. Esqueça isso. Na Azul assume-se o presunto! Não tem essa de arrotar caviar. Presunto é presunto e pronto! Realmente muita formalidade já não combina mais com meu tênis velho e moleton confortável à bordo. O comandante Thomas apresentou-se apenas pelo primeiro nome, com imenso bom humor e bom gosto de maneira bem didática como deveria ser com os não acostumados ao 'novo' meio de transporte:
- Pessoal, boa tarde! (em vez de 'Sras e Srs bem vindo a bordo da aeronave Azul...')
- Não tirem os cintos, ok? Senão depois dá problema, é gente batendo a cabeça no teto, enfim, esperem a luz apagar (óbvio que não adiantou nada, mas ele tentou e as pessoas entenderam, só não compreenderam. Não adianta, a falta de educação é geral).
As aeromoças, ops! comissárias de bordo muito simpáticas e solicitas. Também quebrando formalidades e muito sorridentes e educadas.
A parte mais poética do meu trajeto ainda tem bons resquícios dos aureos tempos: o aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro. Para quem nunca foi, a experiência é única. Se em Congonhas você tem a impressão que se não cair na Bandeirantes ao pousar é sorte, no caso do SDU é milagre. Ali, de dia é inevitavel pensar em 'Minha alma canta, veja o Rio de Janeiro, estou morrendo de saudade...'.
Ficam na minha não memória o saguão principal do aeroporto de Congonhas, a escadinha para subir no avião, caminhar na pista e... bater palma no pouso e na decolagem!
Segue cena:

sábado, 19 de setembro de 2009

Les files....

Esse vai em homenagem à Lulú e o Érico:



to amando isso!!!!

Vovó na pista...

Hoje fiz um programa inusitado pela manhã. Na verdade, ontem passava das 21h30 quando minha avó anunciou para mim e minha mãe:
- Vocês não vão acreditar na Lucinha.
A Dona Lucinha, tem cerca de 70 anos e é meio da família. O filho dela é casado com a minha prima, mas, eles não moram aqui no Brasil, então, nosso contato fica um pouco restrito a festas e comemorações apenas com a presença deles. Neste ano por exemplo, eles não vem, pois nasce o Nicolas agora em fins de setembro e ele será muito novo para pegar avião no Natal.
Ficamos preocupadas... o que aconteceu a Dona Lucinha afinal?
- O que de pior poderia acontecer! - segundo minha avó.
- Se separou do seu Pacheco?? - perguntei
- Muuito pior! - disse minha avó, enquanto 'ticava' na agenda os assuntos do dia que queria lembrar de contar para a familia.
- Ela vai participar de uma corrida amanhã na Usp! -disse arfante e horrorizada.
- Que máximo!!!!! - eu disse.
- Uma corrida de carrinho de rolimã!!!!!!! - disse ela cada vez mais sem ar.
- Uauuuuuuu!!!!!!!!!!!!!!!!
Na mesma hora resolvi gravar. Claro, eu e meus rompantes de vou fazer. Mas vamos combinar que não é todo dia que uma senhora de 70 anos aposta corrida em carrinho de rolimã.
Chegamos na Rua do Matão eu e Cocó, pelas 8h da manhã. Parecia corrida mesmo. Bem organizado pelo pessoal da Poli, existe desde 1983. As pessoas levam a sério, constroem seus carros, preparam, levam tudo e tal. E lá estava a Dona Lucinha com seu modelo de madeira muito bem acabado, como antigamente e acolchoado nas costas. Perfeito.
Pra quem não acreditou, ela desceu a rampa enorme depois de subi-la junto com seu veiculo, dentro de um caminhão baú! Foi aplaudida na chegada e o resultado em breve aqui nessa página.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sras e Srs Boa Noite! Eu podia estar roubando...

Pessoal, por favor! É muito importante! Temos chances reais como bem disse o Heitor! Votem no meu filme no Concurso de Roteiros de Média Metragem do site Filma Brasil!
Vocês gastarão 5 minutinhos do seu precioso tempo, mas, em compensação eu garanto a pipoca da estréia!
É tão dificil realizar qualquer coisa nesse nosso país, que quando aparece uma oportunidade que depende da camaradagem alheia, não hesito em implorar para que dêem um click. Muito obrigada e boa viagem!
Segue o link:

http://www.filmabrasil.com.br/roteiro_detalhe.asp?roteiroID=506

O filme se chama 'Reciclando o Olhar' e concorre como Média Metragem.

sábado, 12 de setembro de 2009

Quando Nietzsche sorriu...

Minhã mãe sempre disse que eu sou muito 'pesada'. Não no sentido físico, onde concordo tem alguns extras. Zinhos. 'Extraszinhos'. Mas no sentido de eu sempre preferir o mais filosófico, o mais profundo, o que devassa a alma, a psique, ou seja: o que vai fundo. Sabe o que acontece? Eu entro em nóia, eu penso em tudo e muito. A níveis quase extraterrestres.
Ontem comentei sobre isso na terapia. E realmente chegamos á conclusão que os grandes intelectuais e filósofos de todos os tempos, tem como função vital se enterrar em questioamentos e em analisá-los pelo lado pessimista. Nada é relevado. Tudo é pensado, questionado, observado e indagado à exaustão. É quando o homem passa a ser humano. Não se deve esquecer no entanto, do que dizia Brecht: 'é preciso extrair o humano do ser humano para ser humano'.
Seguindo o caminho de Nietzsche que começou 'Humano, demasiado humano' e terminou 'Assim falava Zaratrusta', tenta-se encontrar explicações para a existência. Significados, motivos. Nada é o bastante. Até chegar no implacável: 'ser ou não ser: eis a questão!' que Sheakespeare, na verdade um escritor popular, tão bem traduziu muito tempo antes.
Então, completando minha sessão de ontem, quando minha terapeuta disse que em Nietzsche percebe isso de que 'todos estão na lama', ou melhor, atolados nela, eu continuei o James Joyce acima com um 'mas uns olham as estrelas' contando-lhe que eu prefiro o Nietzsche do 'espírito livre'. Do que se vê liberto das sensações mundanas para algo maior. Ver o 'do pó viemos e ao pó voltaremos' em sentido de igualdade e não de incredibilidade na nossa raça. Humana!
Não é a tôa que dizem que a sabedoria popular é a mais valiosa. Certa vez, angustiada em uma relação, fui ler 'Madame Bovary' e descobri que 'Ele simplesmente não está a fim de você' foi muito mais útil! Percebi então que a futilidade e a burrice também compõem o ser humano. Senão a gente se afunda em si próprio!
Aí eu saio. Todas as noites assisto a um episódio de 'Barrados no Baile', o antigo lógico. Não consigo mais colocar a cabeça no travesseiro sem ver Brandon Walsh, Kelly Taylor, David Silver, Donna Martin e todos os outros vizinhos em Bervely Hills. Pena que 'Sex and the City' tenha tido poucas temporadas e que eu já tenha visto todas e cada vez tenho mais certeza: eu sou a Carrie! Não, a Charlotte! Não, não, sou mais Samantha! Ai não: Miranda eu não quero ser, só na conta corrente!
Fato também que uma vez fui salva por Steve Martin e Gilberto Braga.
Penso na D. Alice, que é uma senhora muito, muito simples de tudo, que mora com a família toda, incluindo sobrinhos e ex-maridos em uma casa na periferia e que me diz: 'a felicidade, fia, é momentos', com o tempo verbal errado, mas, é assim que funciona.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

I wish...

'Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa,
pense muito
Que é melhor se sofrer junto
que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais'


.... bem queria que fosse meu, mas não é. Já conhecia, mas, hoje voltando do Filial com a Rafa pelas 2h da manhã, mudando de rádio, paramos na que tocava essa como num 'achei!' e repetimos algumas frases junto...
... é da Paula Morenlenbaun....

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

E a princesa não estava!

O cenário paradisíaco estava lá. Casa a beira-mar em uma praia quase deserta. Simples e rústica. Pé na areia. Ninguém por perto.
O tempo perfeito: primeiro chuva e depois um sol radiante com céu azul sem nuvens.
Um veleiro na direção certa. Um dia inesperado.
Seria surpreendente.
Seria tudo que qualquer mulher sempre sonhou.
Ah! O príncipe também estava por lá. Apaixonado e fazendo de tudo para agradar.
Problema nenhum? Perfeito demais?
As coisas nem sempre são o que parecem ser...
A princesa não foi. Ou melhor, foi, mas, percebeu que 'na moldura não 'era ele' quem lhe sorria'.
Mas vou de Macy Gray:



I play It of but I´m dreaming of you / I´ll keep my cool but I´m feeling / I try to say good-bye and I choke / Try to walk away and I stumble / tought I try to hde you, it´s clear / my world crumbles when you´re not near / ...
Here is my confession: may I be your possession? / With all my might I try but this I can´t deny, deny...

sábado, 5 de setembro de 2009

Música é perfume.. e ultrapassa barreiras...

Corre na televisão e no país o jogo do Brasil contra a Argentina nas eliminatórias da Copa. Neste momento, 2x0 para o Brasil, ouço apenas o locutor e um cachorro que insiste em latir. Nem carro na rua, nem nenhum outro tipo de barulho. Nossos hermanos mais tapas e beijos da América do Sul, nosso vizinho de quintal preferido.
A Argentina tem em sua essencia um 'quê' de deslocamento. Uma vontade e uma questão de honra, praticamente os representantes da América Latina na Comunidade Comum Européia. Bem que eles gostariam de poder usar o EURO como moeda corrente do país. Está com saudades de Madrid mas está sem grana? Vá para Buenos Aires! (Que diga-se de passagem é tão agradável quanto).
Das coisas que gosto de Buenos Aires além de alfajores, está a livraria El Ateneo na Avenida Santa Fé, qualquer 'Café' que se possa sentar e passar a tarde simplesmente lendo um livro. Isso sem falar do cinema argentino. Ressucitado mas por mim desde muito apreciado nos fantásticos documentários do mestre Solanas.
E a música? Assistir um concerto no Teatro Colón é delirante. A música...imediatamente me vem dois grandes à cabeça: Astor Piazola e Carlos Gardel. Do primeiro, a que mais gosto é 'Adiós Nonino'. Do segundo são 'El Día que me quieras' e 'Por una cabeza'.
Sentir a música, segundo Maria Bethânia, é como um perfume. Essas devem ser sentidas em todas suas notas, deixando que domine tempo e espaço. Versáteis são extremamente sedutoras. Coincidências a parte, não à tôa, 'Por una cabeza' protagoniza uma das cenas clássicas universais do cinema: o tango de Al Pacino em Perfume de Mulher. Como disse: música é perfume.
Uma amostra da versatilidade, do que expressa o sentimento desses 'europeus' em terras indígenas, é a banda Los Pericos, um ska semelhante e contemporâneo de Paralamas do Sucesso, que regravou o sucesso de Gardel. (Abaixo estão as duas versões em videozinhos de Youtube).
Avante!



quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Que puxa...

"As vezes eu acordo e me sinto peculiar. Tenho vontade de morder um gato. É como se até o final do dia eu não mordesse o gato pudesse enlouquecer. Então eu respiro fundo e esqueço disso. É o que costuma-se chamar maturidade." Charles M. Schultz (criador do Snoopy)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Lua do cosmos no céu estrelado!

O que eu gosto desse tempo seco é o céu bem limpo. Seja de dia ou de noite, a luz é maravilhosa. Até em uma cidade como São Paulo, eu abro toda a persiana do meu quarto e deito na cama olhando pra cima. Pelo vão do meu prédio com o vizinho tem uma boa faixa de céu azul escuro estrelado e uma lua gigante e branca com uma áura em volta. Me lembram as noites do cerrado, em Brasília se vê pratiamente toda a galáxia. Me lembra Itaetê, na Bahia, onde não se vê o chão para observar as estrelas do Roncador. Me lembra Austregésilo Carrano que diz que a 'lâmpada é o sol apagado'.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Embrião

Galera, as coisas começam a concretizar.