quarta-feira, 14 de julho de 2010

O que você levaria na mochila?


Imagine que você tem que colocar sua vida em uma mochila comum. Olhando à sua volta você começa pelas estantes: vão os livros, CDs, DVDs, talvez um notebook com documentos importantes tenham eles o teor que for, algumas fotos, bibelôs diversos trazidos de viagens ou de momentos marcantes. Aí você passa para as gavetas: roupas diversas para todas as estações diferentes tamanhos e cores, cada uma de uma época, muitas que nem servem mais mas fazem parte da sua história. Aquele frasco de perfume, seus tratamentos de beleza sem os quais não pode viver. Até que você chega nas coisas grandes e que lhe custaram anos de trabalho para conquistar: mesa, cadeiras, geladeira, televisão... seu carro.

O peso dessa mochila começa a ter significado sob seus ombros. Imagine que se você for realmente carregá-la para fora de casa, é melhor nem fazê-lo, pois, está realmente pesada e seu conforto torna-se um fardo. Então em um momento de fúria você joga essa mochila fora, queima. E tudo se perde.

E você percebe que os livros, os CDs, os DVDs, o notebook, as lembrancinhas de viagem continuam lá. Que roupa, basta a que você está vestindo e que os elefantes brancos não passam de elefantes brancos.

O que valeu disso tudo foram as idéias contidas nos livros, as músicas do CD, os filmes do DVD, o cérebro matemático e lógico do notebook (mas você tem o seu!), as recordações das viagens, o cheiro do perfume que te lembra aquela música que te lembra aquele dia que te lembra aquele lugar e que te faz gostar mais daquela pessoa.

Fotos? São lindas e perfeitas para quem não tem memória. Foto tem no máximo cor. Foto não tem cheiro, não tem gosto, não tem sentimento. Transmite, mas não tem. O que transmite na verdade é a recordação que ela tras.

Agora imagine a mochila novamente vazia e nela você só pode colocar o sentimento. Então você não coloca mais a música, você coloca o namorado. Você não coloca mais o casaco de lã feito pela sua avó, você coloca a sua avó. Você não coloca mais um livro emprestado pela sua irmã, você coloca a sua irmã. E por aí vai: mãe, pai, amigos queridos, uma babá, uma professora, uma paixonite, um amor louco, um caso importante, um primo perdido, um tio, e por aí vai.

O peso da mochila seria muito maior.

Mas por se tratar de sentimento e este não conter peso físico e sim virtual a sua mochila fica leve e você fica mais livre. Leva consigo apenas o que não pesa. Mas que é essencial.

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