terça-feira, 15 de dezembro de 2009

AU(PO)DISMO

Tudo bem! Confesso que percebi que estou falando um pouco demais da Big Apple. Não sou nenhuma deslumbrada, muito menos com 'estadunidisses' e, sim, conheço outros lugares no mundo e sim também, no Brasil. Acontece que nasci e cresci em São Paulo e, de vez em quando, é bom lembrar que algum lugar já passou por tudo isso aqui (embora nossa terra de Anchieta continue ganhando em tamanho, trânsito, poluição, trânsito, caos geral).

Hoje deparei-me com algo interessante. Estou apaixonada pelo meu Ipod (em português: 'ai,pode'). Já havia reparado lá no Tio Sam que todos mundo, mas todo mundo mesmo, independente de raça, cor sexo, religião, condição social ou idade, anda na rua com um fone no ouvido. Ninguém se ouve. Todo mundo so ouve que quer.

Então, as pessoas não se falam porque estão imersas em seus mundinhos MP'x'ai,podianos. E só ouvindo aquilo que conhecem que lhes é confortável. Para que abrir a cabeça? Para quê idéias novas? Rádio? Que coisa chata!

Vira quase um autismo, né?

Me incomoda as vezes o fato de não ouvir bem o que acontece do lado de fora dos fones de ouvido, o que me faz andar muitas vezes com apenas um fone no ouvido e o outro pendurado. Pelo menos eu, que estou aqui no mundo, to percebendo ele. To percebendo tanto que quando fui no supermercado aqui embaixo comprar uma escova de dentes e, encontrei minha vizinha também de Ipod que havia ido fazer a mesma coisa (comprar algum produto de higiêne pessoal também) tenho certeza que ela nem ouviu meu 'oi' que poderia ter gerado uma conversa construtiva apenas me acenando com a cabeça. Tenho certeza que ela não percebeu que o pisão que ela deu no pé da moça que estava andando ao seu lado doeu.

Tenho certeza também que ela não percebeu a quantidade enorme de sacolinhas plásticas que ela pegou para colocar umas duas coisinhas. Não percebeu, não se percebeu, não percebeu o mundo de coisas à sua volta. Imersa em seu Ipod ouvindo 'o melhor disco brasileiro de sucessos do passado'. Nada de novo. Nada de horizontes. Paredes fechadas e conhecidas.

O Ipod então me fez pensar e me questionar sobre até que ponto é realmente interessante essa idéia de colocar um fone no ouvido e sair por aí carregando meu mundo. Existe um exercício de teatro muito bacana que é assim: você fecha os olhos calmamente e tenta perceber todos os sons que estão a sua volta. Faça isso por um minuto. Cada vez que fizer vai perceber que seu ouvido está mais e mais apurado.

Na época do homem das cavernas, a nossa orelha até mexia a fim de escutar os sons mais distantes. É como numa sintonia fina. Que o fone do Ipod nos impede, nos bloqueia.

Adoro música e meu Ipod tem rádio! Então muitas vezes eu faço parte desse grupo preguiçoso sonísticamente falando, mas, devemos nos policiar. Dar uma de Caetano Veloso e perguntar-nos sempre: 'Ai, pode? Ou não?'

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