De volta ao QG! E que chegada...
Já do avião quando li a Folha de ontem 'com notícias de anteontem', e na Revista um comentário da Barbara Gancia a respeito das mortes de Leila Lopes e do Lombardi. Como a jornalista é conhecida por seus comentários sarcásticos poderia ser apenas uma piada.
O avião pousou em Guarulhos e ninguém entendia porquê quase uma hora de espera para taxear e parar de vez. Quando as portas de abriram e meu celular voltou a funcionar houve uma metralhada de mensagens. A mesma mensagem: a cidade está um caos. Não daria para ninguém me buscar e era para eu ver como voltar para casa. Foi cogitada inclusive uma ida ao Rio de Janeiro por falta de condições de sair de Cumbica.
Algumas horas (e brigas) depois consegui um Airport Service 'Tour'. Iria da República à Congonhas. E até que veio bem...
Ao chegar em casa a primeira notícia veio do meu pai: 'Viu o que aconteceu com o Marião, aquele escritor seu amigo?'. Aí veio a bomba: Mário Bortolotto está internado em coma induzido em estado grave na Santa Casa de São Paulo depois de levar três tiros em um assalto no bar do Espaço Parlapatões na Praça Roosevelt. O cartunista Carcarah que estava com ele também levou tiros.
A Praça Roosevelt é um lugar que depois de anos de abandono e degradação viu seus dias de glamour voltarem de forma 'cult'. Os teatros que ali se instalaram reviatalizaram a área deixando-a inclusive segura, pois, como diz Ivam Cabral, fundador com Rodolfo Garcia Vázques do grupo Os Satyros, o primeiro a se instalar por lá, o grande trunfo foi agregar as pessoas que já estavam na Praça. Tanto que a hosstess da região é a atriz cubana transexual Phedra D. Cordoba.
Sendo assim, de fanelinhas a trombadinhas convertidos, tem de tudo e todos são bem-vindos desde que estejam a fim de se divertir, beber umas e outras, fumar uns e outros e conversar com os amigos. E era isso que o Mário que começou como diretor, ator e dramaturgo da Cia Cemitério dos Automóveis estava fazendo com outras duas amigas (também minhas e queridas) Maria Manoella e Martha Nowill. O Carcarah que já teve alta, deu este depoimento:
"O Mário levantou de braços abertos, acho que queria proteger todo mundo, e disse: você não vai assaltar ninguém aqui. E partiu para cima do cara. Ele passou os braços por baixo do sovaco do assaltante, como num abraço. Os braços do cara ficaram nas costas do Bortolotto e com a arma na mão. Eu fui para cima, mas meio de lado, porque eu estava atrás do Bortolotto, o cara podia levantar o braço e atirar em mim. Aí eles caíram no chão, na porta, perto da bilheteria. Foi aí que o sujeito atirou em mim. Na delegacia falaram que tinha oito cartuchos. Eu senti um cheiro de pólvora, senti os tiros, vi a calça furada, mas achei que era chumbinho, porque não doía na hora. O sujeito conseguiu levantar e eu caí. Deitado no chão perguntei ao Bortolotto se ele tinha levado tiro e ele disse que sim, no ombro e na barriga. Ele atirou no Bortolotto deitado, embolado no chão, tanto que um dos tiros entrou pelo sovaco e varou todo o corpo dele."
Triste. Muito Triste. Força aí, Marião!
Depois, perguntei sobre a Leila Lopes e a notícia foi confirmada de forma trágica. Ela se matou ao que tudo indica.
Não faz muito tempo publiquei aqui uma foto dela com meu amigo Ivan Finotti em uma noitadinha no Astronete, onde eles dividiram a festa. Leila tinha botox nos lábios e com certeza algumas cirurgias plásticas também. Longe de mim querer falar qualquer coisa ou fazer qualquer estatística sobre cirurgia plástica - psique - suicidio, pois, não sou especialista nem estudiosa de nenhuma dessas áreas.
O que percebo muitas vezes é que o que leva as pessoas a fazerem cirurgias plásticas, dietas alucinantes e perigosas, encher a cara de alcool e/ou drogas (atenção eu não disse 'usar' eu disse 'encher a cara') é com toda certeza alguma insatisfação com a vida que se está levando. Claro que há excessões. Cirurgias plásticas por motivos de saúde como queimaduras graves ou outros acidentes são mais que bem vindas, afinal, foi com esse objetivo que essa ciência evoluiu. Assim como as dietas que devem sim ser feitas de forma controlada.
Leila Lopes sempre foi conhecida como a 'Professorinha Lú' que interpretou em 'Renascer' na Rede Globo na década de 90. A personagem logo ficou no imaginário masculino nacional. Mas... o tempo passa. E a lei a vida (e da gravidade) vale para todos de forma igual. Conhecida apenas por seus atributos físicos (alguém se lembra do intelectual? dizem que ela foi professora primária em Esteio no RS), não encontrou outra saida que não filmes pornográficos. Ela própria admitiu em sua carta de despedida que não soube admistrar o muito dinheiro que ganhou.
Mais uma vez acredito que isso esteja intrinsecamente ligado à uma só questão que é a certeza que todos nós, famosos ou não, gostosos ou não, ricos ou não, temos: a gente envelhece. E na maioria dos casos acaba morrendo, viu.
O filósofo grego Cícero em seu texto sobre 'Saber Envelhecer' fala sobre como viver essa fase (que é a vida toda, afinal, quando nascemos já começamos a morrer, não é?) após perceber discursos de Catão, o ancião. Ele rebate o senso comum:
1) 'A velhice nos afasta da vida ativa'. Uma mente bem trabalhada nunca deixa de buscar conhecimento e de fazer seu papel na sociedade prestando sensatez às mirabolantes idéias dos inexperientes jovens.
2) 'Ela enfraqueceria o nosso corpo'. Sim, ela enfraquece o nosso corpo como tantas outras coisas em diferentes fases da vida também o fazem ou vai me dizer que você tem a mesma elasticidade de um bebê?
3) 'Ela nos priva dos melhores prazeres'. Pode ficar tranquilo que o prazer sexual está ligado aos jovens hormônios. Com o tempo não resta nem saudade e nem vontade. Os interesses mudam. Lembra quando você era criança e colecionava álbum de figurinha? Fazia qualquer coisa para conseguir completar. Era tudo ou nada, sofria pacas. E hoje? Você sofre por isso ainda ou é apenas uma lembrança?
4) 'Ela nos aproxima da morte'. No início desse ano eu vinha de carro pela avenida Ipiranga no centro de São Paulo as 16h da tarde quando sofri um acidente que me causou micro-fratura cervical nas C5 a C7. As mais importantes para o funcionamento (neuro) do cérebro. Foi por muito pouco. E eu tinha 27 anos.
O grande aprendizado da vida acho que está aí: saber viver as diferentes fases, aproveitando cada uma delas. E outra: ser flexível. Você não é uma coisa só. Se não está rolando um caminho, parta para outro, tenha um plano B, C, D ... Z!
Antes de uma atitude drástica e radical, busque ajuda.
E por falar na vida....
Andei meio sumida e já voltei, pois, tem coisas que a gente aprende e não esquece jamais. Dentre elas...
.... escrever no blog!
É isso aí! Post longo pois as novidades de chegada foram muitas. Em breve: O melhor de NY!
Vá lá por favor:
- Quem puder doar sangue, por favor, doe no Hemocentro da Santa Casa. É um dos maiores hemocentros do país e não só salvou a vida do Mário como de tantos outros anônimos. O Mário usou 08 bolsas de anônimos.
- Quem ainda não viu, veja: 'Brutal' de Mário Bortolotto, com Maria Manoella, Martha Nowill e Carol Manica (e outros). O cartaz da peça foi feito pelo Henrique Figueiroa (Carcarah). Espaço Parlapatões - Praça Roosvelt, R$ 30,00, Sábados às 0h00 até dia 11/12.
-Hoje, dia 09/12 o Ivan Finotti e a Théa Torlaschi vão tocar no Hot Hot que é uma balada nova aqui em São Paulo e eu ainda não fui. Eles se apresentam sob pseudônimo de Los Macaquitos.
Ser flexível...taí...a fórmula p a vida!
ResponderExcluirbjo amiga
Aproveito o espaço para deixar a dica:
ResponderExcluirGrupo de quadrinistas de São Paulo (entre eles Lourenço Mutarelli, Laerte, Rafael Grampá, Gabriel Bá, Fábio Moon, Rafael Coutinho, Angeli e outros) promove nesta sexta-feira (11) um "manifesto artístico pela melhora de Mário Bortolotto e paz na Praça Roosevelt". Durante o evento, que será realizado às 19h no Espaço Parlapatões, os artistas produzirão um "desenho coletivo ao vivo". Dois grandes painéis ilustrados a seis mãos cada serão rifados. De acordo com os quadrinistas, os recursos serão empregados para ajudar a cobrir os gastos da recuperação de Bortolotto.