sábado, 12 de dezembro de 2009

Esse sentimento.

Na maioria das vezes não gosto de ver os filmes no calor da hora. Espero passar um tempo, a fogueira baixar e aí quando ninguém mais está falando no assunto eu vejo e consigo ter minhas opiniões menos invadidas e adulteradas. Por fim assisti a 'Budapeste' na restrospectiva de filmes nacionais anual do 'meu' cinema (o Cinesesc, na Augusta em São Paulo).
Como de praxe optei pelo bar do cinema. Sim, senhoras e senhores! O Cinesesc tem um bar fantástico dentro da sala de cinema onde se pode assitir o filme normalmente com a vantagem de beliscar algo além do seu namorado na sala escurinha... Esse é apenas um dos motivos que o faz um dos cinemas mais bacanas da cidade.
Bom, 'Budapeste' tem uma fotografia maravilhosa.
Afinal o diretor é o Walter Carvalho.
Ponto.
Que mais?
Não. É só isso mesmo.
Ah! O Léo é um puta ator. Só.
Sobre a obra em si, é só.
Uma coisinha me fez pensar. E é um texto quase imperceptível do personagem central, o José Costa (Léo Medeiros) dizendo ao telefone ter saudades do Rio de Janeiro. Isso me pegou. Achei extremamente comum e ao mesmo tempo engraçado.
Ele fala mais ou menos assim: " Saudades do Pão de Açúcar, saudades do Maracanã...". Parei por aí porque fiquei matutando aqui: eu, que sou paulista-paulistana, moro em São Paulo e tal... quando tenho saudade do país não tenho saudade do Masp nem do Monumento às Bandeiras. Tenho saudade da comida da Neuzinha (que cozinha aqui em casa), tenho saudade de ver novela com a minha avó, de conversar com a minha mãe... essas coisas.
Acho estranho a pessoa ter saudade mais da paisagem do que do sentimento, sabe? Ou então... fala direito, né... tipo: 'tenho saudade de tomar sorvete num fim de tarde em baixo do Pão de Açúcar, saudade de ir domingo no Maraca ver o Mengo golear...' Acho mais próximo. Saudade é algo muito latino, muito brasileiro e muito profundo.
Eu estava morrendo de saudade de Nova York e nem por isso abracei a estátua da liberdade e disse: 'Estátua querida! Quanto tempo! Que saudades!!!'. Preferi sentir de novo o gosto do hot dog do Gray´s Papaya, como já disse em post anterior.
Vai... Gonçalves Dias e a 'Canção do Exílio' pra terminar em homenagem ao meu ex-professor de trigonometria no colégio (Prof. Hélio):

"Minha terra tem palmeiras /Onde canta o sabiá /As árvores que aqui gorjeiam /Não gorjeiam como lá
Nosso céu tem mais estrelas / Nossas várzeas tem mais flores /Nossos bosques tem mais vida /Nossas vidas mais amores
Em cismar sozinh a noite /Mais prazer encontro eu lá /Minha terra tem palmeiras /Onde canta o sabiá
Minha terra tem primores /Que tais não encontro eu cá /Em cismar sozinho a noite /Mais prazer eu encontro lá /Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá
Não permita Deus que eu morra /Sem que volte para lá /Sem que eu desfrute os primores /Que já não encontro por cá /Sem que eu ainda aviste as palmeiras /Onde canta o sabiá"

(Versão do Prof Hélio)
'Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
Seno 'a' Coseno 'b'
Seno 'b' Coseno 'a'"

Nenhum comentário:

Postar um comentário