Segundo o dicionário Aurélio, ser brega é ser deselegante. Segundo o mesmo Aurelião, elegância vem a ser: 's.f. Graça, distinção nas formas, nas maneiras, nos trajes: elegância de porte, de vestes; apresentar-se com elegância. / Arte de escolher as palavras: falar, escrever com elegância; elegância de estilo'. Logo, a deselegâcia é a negação desta.
Certo?
Outro dia voltava para casa com uma amiga, a mesma de sempre, sempre com problemas ortopédicos que me deixam na função de motorista-camarada e, já perto da casa dela (que por sinal é perto da minha), trocando as estações de rádio (desisti de ter CDs, MPs e seja la o que for no carro, cansei de ser assaltada! coloquei um 'Volksline' e estou feliz com os vidros intactos), me deparei com Fagner: Deslizes!
Naquele dia especificadamente essa música era dela. Para meu espanto, ela não conhecia a música e acho que o cantor só de nome. Na verdade, não me espanta. No Rio Grande do Sul, de onde essa minha amiga é, a formação musical é muito diferente do resto do país. Lá eles sabem de óperas (o que é raro brasileiro conhecer) e de música clássica (que também nõ é comum ter o costume de ouvir, como eles tem). Ela é uma das poucas com quem eu posso ouvir Choppin sem causar estranhamento.
Raimundo Fagner é cearense e começou a fazer sucesso no final dos anos 60. Suas músicas são profundas. Bem mais que o mergulho do peixe que gostaria de ser em 'Borbulhas de Amor' ('Quem dera ser um peixe / Para em seu límpido aquário mergulhar / Fazer borbulhas de amor pra te encontrar / Passar a noite em claro / Dentro de ti'). São daquelas que todo mundo já passou pelas situações. Impossível não se identificar. Mas, é brega.
Por que?
Ou melhor: e daí?
Dizem os tais especialistas que misturar cores é cafona (sinônimo de brega). Dizem também que se expressar exageradamente é brega. Chegam ao absurdo de dizer 'que todas as cartas de amor são ridículas'. 'Mais ridículo é quem nunca escreveu uma carta de amor', já dizia o poeta. O amor é brega. É cafona. 'Já não existe nem o ceto nem o errado. Só o amor que por encanto aconteceu'.
'E é por isso que eu pedôo seus deslizes', matte. E não vou deixar de te achar culta e inteligente. Pelo contrário: isso me prova que você realmente é!
Siga deslizante!
Para marofar:
Deliszes - Fagner.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
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"Não sei pq insisto tanto em te querer..."
ResponderExcluir"Me enganando só assim somos amigos..."
"Já fiz de tudo pra tentar te esquecer..."
"Falta coragem pra dizer que nunca mais..."
"Em outras bocas não consigo te esquecer..."
É brega mas eu goxto!!
Virei protagonista do post ! Adorei !
ResponderExcluirAh, eu acho que já conhecia esse tal de Fagner...essa das borbulhas de amor não era de uma novela??
Frédéric Chopin se revira no caixão neste exato momento...
Belo post!
ResponderExcluirDeslizes.