Voltei pra casa. Ah! Antes um telefonema para saber se lembraram de deixar algo para eu comer. Negativa confirmada, corri para coxinha na Dona Deola! Fechada! Então parti para a CPL! Fechada! Fui cair na Bella Paulista. Ok. Comprei uns frios e uns paezinhos.
Parei o Wander Prata, meu Gol (porque Golzinho é o dos outros), como sempre na porta do meu prédio, do outro lado da rua de frente para o primeiro portão da Praça Buenos Ayres na Rua Alagoas. Como sempre.
Aqui no bairro todo mundo conhece os carros do Professor, no caso, meu pai. O Gurgel do Professor é um clássico sempre à frente da Banca do Carlos. Todo mundo sabe. O finado Monza teve até missa de 7o. dia por parte do baixo escalão das redondezas e o Professor liderando ateu, é claro. Wander ficou sem-teto quando a Reforma Agrária caiu sobre suas rodas de forma brutal.
Um enorme capitalista troglodita colarinho Amarelo e seu antecessor de colarinho Branco dominaram as vagas da garagem com um novato aí.
Então Wander, sempre na oposição, ganhou as ruas.
Com ela, cicatrizes vorazes em sua lataria prateada, uma lanterna apedrejada e suas portas arregaçadas. Porém Wander mantinha a dignidade e não deixava que nada invadisse seu interior.
Nessa noite, depois de muitos louva deuses, Wander foi covardemente estuprado. Teve seus membros dianteiros arreganhados. Dilacerados. De seu âmago levaram seu cérebro eletrônico, aquele que dizia o que sente. O som dos bandolins. For whom the bell tolls.
Bagunçaram suas viceras e nada ficou intacto.
No automatismo do dia-a-dia, indo as 8h30 para umas reunião às 8h, percebi seu estado somente depois de depositar-lhe meus afazeres do dia-a-dia no membro traseiro com todo respeito. Ali, no que acabava de despejar-lhe, estavam pastas e mais pastas de contas, pasta com documentos meus, meu note, minha câmerazinha de fotografar 3.2 MP e… uma Nikkon manual que a Rafa me emprestou a quase um ano que eu durante todo esse tempo tratei-a melhor que as minhas.
Sempre em cima da mesa de vidro do meu quarto. Uma das poucas coisas facilmente visíveis na minha Bagdad particular.
Há uma semana mais ou menos, sua dona a requisitou. Queria tirar umas ‘chapas’ da cidade maravilhosa, para onde tem ido sempre. Respondi-lhe prontamente que óbvio que sim, quando quisesse, mas, que deixasse eu levar na Conselheiro Crispiniano, conhecida ‘boca’ de fotógrafos e profissionais desta arte, para limpar as lentes e assim devolver-lhe nova.
Essa era a idéia.
Depois de deparar-me com o Wander WTC Total, peguei as coisas que tinha colocado nele e, com a bolsa nos ombros e falando com minha mãe ao celular (esta havia acabado de partir em viagem), um mendigo conhecido aqui do bairro começou a falar alto comigo. Tranquilo, fui apenas sair de perto. Atravessei a rua voltando para o prédio a fim de pedir as chaves do Casper, o Golzinho da minha mãe (os outros tem ‘uns’ Golzinhos aí, o da minha mãe é ‘o’ Golzinho, todo completinho, lindinho, só falta motor).
Parei ainda na porta para falar com a Mônica, minha vizinha que estava saindo com o filho de carro. Entrei no prédio e fiquei sabendo que meu irmão tinha saido com o Mother´s Goalzinho. Fiquei sabendo mais: nenhum outro carro estava em casa, que não fosse o Gurgel.
Lembrei então da minha hérnia lombar. E do ‘bico-de-papagaio’. E do nódulo na 9a. cervical. E imediatamente dos bancos do Gurgel. Banquinho de pesca é mais confortável…
Enfim, tinha que ser.
(segura aí!)
(escrito - 22 de julho de 2008)
Parei o Wander Prata, meu Gol (porque Golzinho é o dos outros), como sempre na porta do meu prédio, do outro lado da rua de frente para o primeiro portão da Praça Buenos Ayres na Rua Alagoas. Como sempre.
Aqui no bairro todo mundo conhece os carros do Professor, no caso, meu pai. O Gurgel do Professor é um clássico sempre à frente da Banca do Carlos. Todo mundo sabe. O finado Monza teve até missa de 7o. dia por parte do baixo escalão das redondezas e o Professor liderando ateu, é claro. Wander ficou sem-teto quando a Reforma Agrária caiu sobre suas rodas de forma brutal.
Um enorme capitalista troglodita colarinho Amarelo e seu antecessor de colarinho Branco dominaram as vagas da garagem com um novato aí.
Então Wander, sempre na oposição, ganhou as ruas.
Com ela, cicatrizes vorazes em sua lataria prateada, uma lanterna apedrejada e suas portas arregaçadas. Porém Wander mantinha a dignidade e não deixava que nada invadisse seu interior.
Nessa noite, depois de muitos louva deuses, Wander foi covardemente estuprado. Teve seus membros dianteiros arreganhados. Dilacerados. De seu âmago levaram seu cérebro eletrônico, aquele que dizia o que sente. O som dos bandolins. For whom the bell tolls.
Bagunçaram suas viceras e nada ficou intacto.
No automatismo do dia-a-dia, indo as 8h30 para umas reunião às 8h, percebi seu estado somente depois de depositar-lhe meus afazeres do dia-a-dia no membro traseiro com todo respeito. Ali, no que acabava de despejar-lhe, estavam pastas e mais pastas de contas, pasta com documentos meus, meu note, minha câmerazinha de fotografar 3.2 MP e… uma Nikkon manual que a Rafa me emprestou a quase um ano que eu durante todo esse tempo tratei-a melhor que as minhas.
Sempre em cima da mesa de vidro do meu quarto. Uma das poucas coisas facilmente visíveis na minha Bagdad particular.
Há uma semana mais ou menos, sua dona a requisitou. Queria tirar umas ‘chapas’ da cidade maravilhosa, para onde tem ido sempre. Respondi-lhe prontamente que óbvio que sim, quando quisesse, mas, que deixasse eu levar na Conselheiro Crispiniano, conhecida ‘boca’ de fotógrafos e profissionais desta arte, para limpar as lentes e assim devolver-lhe nova.
Essa era a idéia.
Depois de deparar-me com o Wander WTC Total, peguei as coisas que tinha colocado nele e, com a bolsa nos ombros e falando com minha mãe ao celular (esta havia acabado de partir em viagem), um mendigo conhecido aqui do bairro começou a falar alto comigo. Tranquilo, fui apenas sair de perto. Atravessei a rua voltando para o prédio a fim de pedir as chaves do Casper, o Golzinho da minha mãe (os outros tem ‘uns’ Golzinhos aí, o da minha mãe é ‘o’ Golzinho, todo completinho, lindinho, só falta motor).
Parei ainda na porta para falar com a Mônica, minha vizinha que estava saindo com o filho de carro. Entrei no prédio e fiquei sabendo que meu irmão tinha saido com o Mother´s Goalzinho. Fiquei sabendo mais: nenhum outro carro estava em casa, que não fosse o Gurgel.
Lembrei então da minha hérnia lombar. E do ‘bico-de-papagaio’. E do nódulo na 9a. cervical. E imediatamente dos bancos do Gurgel. Banquinho de pesca é mais confortável…
Enfim, tinha que ser.
(segura aí!)
(escrito - 22 de julho de 2008)
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