segunda-feira, 25 de maio de 2009

‘Não pára, não pára, não pára!’

Calma galera. Menos. Bem menos imaginação. Não estou me referindo àquilo e muito menos àquele outro. Trata-se de algo muito mais pornográfico e muito mais agressivo que sexo e Corinthians (’u Curíntia!’).

Adotei o refrão dos torcedores toda vez que estou empacada no trânsito dessa cidade caótica que é Sampa City. Ou seja, eu canto isso toda hora. É na Vinte e Três, é na Bandeirantes (que eu pego pouco graças a Deus), é na Marginal (blaaaargh!), é até aqui na Angélica que vamos combinar tem hora que é uó!

Eu e Wander Prata (sim! se escreve com ‘w’!), meu simpático popular, desbravamos os caminhos esburacados dessa vida Off Road, On the Road (ou, como me disse a vendedora da livraria da rodiviária do Tietê quenado pedi pelo clássico de Kerouac - ‘Serve ‘O pé na estrada’?').

Com o tempo a gente vai percebendo algumas peculiaridades do tráfego paulistano. Por exemplo: Taxistas. Gente! Taxista é uma raça! Impressionante. Eu posso afirmar isso de carteirinha, pois, o passado negro de Tio Fazoli o entrega: em épocas de vacas magras ele foi taxista. Sim. Eu sou filha de um ex-taxista feliz e reconciliado com seu Black Past (Tense!).

Ao tema. Pode vir o sindicato que for falar merda pra mim sobre o assunto. Pode me denunciar por difamação mas não por calúnia (meu advogado é bom!).

TAXISTAS ANDAM NO MEIO DA FAIXA BEM DEVAGAR. ELES VÃO DEVAGAR PRINCIPALMENTE QUANDO ESTÃO COM PASSAGEIRO (PARA COBRAR MAIS) E QUANDO ESTÃO SEM PASSAGEIRO (PARA PEGAR OS TROUXAS), OU SEJA: SEMPRE!

No Rio, por exemplo, que tem muito mais táxi que em São Paulo e eles são muito mais feios porque queriam ser nova-iorquinos e não são (tem coisa mais feia do que querer parecer o que não é?), eles correm. E correm bem. E acho até que é mais barato. Lá parece que sem eles a cidade não anda. Aqui com eles a cidade pára!

Há também as pecualiaridades bairristicas em São Paulo. Aqui no meu bairro por exemplo, em Higienópolis e adjacências, o que mais tem é velhinho naquelas banheiras enoooormes e caréééésimas. Aí eles andam no meio das faixas, a dois por hora, grudados no vidro. Isoo quando chegam até o vidro, porque as vezes a impressão que dá é que não tem ninguém dirigindo.

Quando está certo de que é assombração um carro andando sozinho ou vai chamar a polícia pois tem um carro desgovernado, percebe uns fiozinhos de laquê ou de gomalina na altura da buzina. Esteja certo: lá tem um velhinho. O pior é que ao ver sua cara de espanto, ele ou ela simpaticamente sorriem olhando pra você!

- Olha pra frente meu senhor!!! Olha o posteee!!!

E quando é horário de escola ou faculdade então?! Além dos típicos tem as típicas peruas (no amplo sentido) de Higienópolis. Ou que nem são daqui mas que ficam botando uma banca pra desfilar seu carrão pelo bairro.

Tudo bem. Chega deste reduto. Em outro canto da cidade por exemplo, como a Zona Leste (entenda-se Zona Leste a região que a Radial abrange, esqueça-mos a Zona Lost que é a que a Aricanduva ou a Rio das Pedras abrange). Na zolé - para os íntimos, temos varios ‘manos’ com seus carros tunados. Pior é que muitos ali tem grana mesmo, tipo o pessoal do Anália Franco. Vai pegar a Radial, vai! Quando não está parada nos horários de pico dou um prêmio pra quem conseguir trocar de faixa sem levar buzinaço.

Buzinaço é outro departamento.

Outra zona: Zona Norte. Tirando algumas exceções, nunca vi tanta lata-velha junto! Mesmo. E olha que eu sou daquelas que gosta de carro antigo. Mas antigo não é a mesma coisa que VELHO!

Olha só, pensei em algumas dicas para melhorar o próximo ‘Eu Nunca’ (aquela brincadeirinha tipo jogo da verdade que sempre acaba com um ‘clima’ esquisito entre os jogadores):

1) EU NUNCA quis matar um motoboy da Consolação

2) EU NUNCA quis matar um motoboy da Rebouças

3) EU NUNCA quis matar um motoboy de qualquer lugar e ponto.

4) EU NUNCA gritei e tive vontade de bater a cabeça no volante.

5) EU NUNCA fiquei parado pelo menos 3 vezes no semáforo da Henrique Schaumann com a Rebouças.

6) EU NUNCA maldisse todas as gerações do filha da mãe do marronzinho que me multou no dia de rodízio.

7) EU NUNCA maldisse todas as gerações do filha da mãe do motorista do carro que parou no amarelo em cima da faixa e eu não passei.

EU NUNCA pensei em fazer um curso de tiro para acertar o motorista da Kombi velha que surge na frente do meu carro sempre que eu estou morrendo de pressa.

9) EU NUNCA andei na faixa de ônibus com o pisca-alerta ligado.

10) EU NUNCA esqueci meus preceitos socialistas ao deparar-me com um caminhão de lixo e com os lixeiros correndo atrás do suado pão de cada dia pegando nossos restos.

11) EU NUNCA brequei em cima para o infeliz de trás bater no engate! (Hehehe)

12) EU NUNCA me preocupei em beber e dirigir, afinal, meu carro tem a tecla ‘Home’.

13) EU NUNCA jurei que aquela multa não era minha e sim do meu irmão.

14) EU NUNCA dei totó fazendo baliza.

Bom, chega né? Me deixem sugestões nos comentários.

Fica aqui minha indignação com esse trânsito e, só pra completar algumas dicas de seleção musical para este momento cotidiano solene de nós, paulistanos:

- ‘Canto de Osanha’ de Vinicius de Moraes, com Elis Regina. Motivo: ‘O homem que diz vou / Não vai / (…) / Vai, vai, vai, vai / Não vou / Vai, vai, vai, vai / Não vou ‘

- ‘Jesus Cristo’ do rei, com o rei. Motivo: Essencial para os momentos de desespero.

- ‘Qua-qua-rá’ não sei de quem, mas a Elis canta. Motivo: Ao desvencilhar-se, porque uma hora, você sai dessa.

- ‘Carcará’ acho que do Zé Keti, mas a Bethânia que canta. Motivo: Naquele momento que o motoboy te deu um buzinaço e você tomou um puta susto.


(escrito - 09 de julho de 2008)

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