segunda-feira, 25 de maio de 2009

O QUE FOI QUE EU VIM FAZER AQUI?

Era essa a pergunta que não saia da minha cabeça hoje de manhã quando me vi entrando na no teatro da Maison de France aqui no Rio de Janeiro, num domingo. O fato de ser um domingo (graças que domingos no Rio são bem menos deprimentes que os domingos paulistanos) e ser no período matutino até que não estava me afetando. O primeiro momento do questionamento foi ao descer as escadas do teatro e ouvir vozes e sons fazendo vocalizes completos de todas as escalas musicais possíveis e imaginárias. E eu.

Bom, vamos combinar que eu canto. Sim, canto. Mas não sou cantora lírica. Já tive banda e os azulejos do banheiro nunca trincaram. Não por isso. Há uns meses atrás pediram meu currículo para uma audição de musical. Achei esquisito, mas, mandei. Não responderam. Ok, eu nem esperava mesmo. Porém, eis que na semana passada retornaram já com minha data de teste agendada. Eu reafirmei que não era cantora, em vão.

Peguei o Mil e Um ontem no fim da tarde e desci. Cheguei, dormi e as 9h30 de hoje lá estava eu.

Eu sempre achei essa galerinha que sabe tudo de musicais e dança que nem nos musicais e canta como nos musicais um bando de ‘disneyzete’ chatos que não conhecem a própria realidade e deslumbram-se com um mundo que não lhes pertence. Sim, isso é doença. É síndrome da fadinha. É gente que não conhece Chico Buarque mas sabe ‘A Pequena Sereia’ de cor, em todos os tons.

Agora, hoje, estavam ali as exceções. Uma menina (Maira Sabóia) que eu nunca tinha ouvido falar, mas, pelo que entendi por ali, foi comparada à Marisa Monte e carregava consigo um Sogbook do compositor de Ópera do Malandro e Saltimbancos entre outros.

Meu número é (porque embora já saiba qual vai ser ainda não recebi resultado oficial) o 051, uma boa idéia. Aguarda que aguarda. Um vocalize aqui, um bruuuuuuuu ali, um psi-psi-psi ali, exibições mil de todos os lados. A própria Brodway Tupiniquim no mau sentido.

Por fim meu numero e, quem iria começar: eu!

Subi tremula e mostrei a partitura cifrada de ‘I got what I want’ (Grease) e ‘O Meu Amor’ (Ópera do Malandro). O músico, muito atencioso que estava atrás de um teclado, não as conhecia e sugeriu que eu cantasse a capela.

Ok. Cantei bem afinadinha, bem direitinho e até dei umas improvisadas. Sem afetação. Não dei pulinhos, nem risadinhas, nem sorrisinhos, nem fiz jeitinhos. Fiquei na minha. Por outro lado também não fui de salto, tampouco no estilo: mamãe que me vestiu. Si, ainda sou obrigada a aturar isso.

Depois de mim no mesmo grupo. Uma menina muito boa, uma outra metida a ‘Rosana’ (como uma deusa), uma ‘garotinha’ que há muito já passou dos 30 cantando o tema de Ariel, a Sereiazinha, com direito a micro-diálogos e caras e bocas que ela ‘adora!’. Por fim, um tal cujo sobrenome original (Azevedo) foi trocado para Hell. Devo dizer que do pouco ou quase nada que entendo de musicais, eles desafinaram.


(escrito - 08 de dezembro de 2008)

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