quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Falar sozinha(o)

Uma das coisas que eu menos gosto na terapia conhecida como 'análise', é que não há troca. Um fala e o outro ouve (ou finge que ouve), mas, parece não haver um interlocutor. Eu pelo menos passei cada vez mais a me sentir uma E.T.. Achava que era a única no mundo que pensava tal coisa, que sentia isso ou aquilo. E ficava com minhas caraminholas cada vez mais caraminholadas.
É quase como um vácuo. Você coloca pra fora, joga ao léo, tira de dentro de você, mas nada em volta te conforta ou preenche, pois você colocou para fora e ficou vazio. O bom é dividir, é saber que o outro sabe.
Acredito que as mulheres principalmente sejam assim. Essa necessidade de dividir, de ter um retorno, de se preocupar com o outro também. Acho que deve vir do tal 'instinto materno' que todas nós temos. Por isso não gostamos, choramos, nos 'acabamos' quando somos deixadas sem explicação ou injustiçadas. Homem não. A grande maioria não. Homem desencana, finge esquecer, não fala mais no assunto e toca a vida. Empurra a sujeira para baixo do tapete, paga para não ter que discutir a questão e dá-la por encerrada o quanto antes, doa a quem doer, doa o quanto doer.
Cheguei a essa conclusão justamente porque gosto de trocar experiencias. Principalmente as que não entendo. E nessa troca fiz uma breve estatistica: Homens terminam por e-mail. Sim! O que para nós mulheres é considerado o cúmulo da falta de respeito, é o mais comum hoje em dia. Aquele príncipe vira sapo no momento que clica no 'enviar' e não retorna nossa resposta, normalmente cheia de perguntas.
Vácuo. Te deixa só com seus pensamentos. Verdadeiros? Falsos? Você nunca saberá, porque não tem retorno. Vácuo.
Conheço quem foi terminada de namoro de seis anos via 'e-mail' e conseguiu receber a re-resposta:
"Por favor, não me procure senão eu não vou aguentar, vai ser muito forte para mim"
Tem outra que foi terminada de ano e meio via 'skype' assim:
"Você acha que tem jeito?" - ela pergunta. "Não." - ele responde. Fim.
Uma terceira foi mais sensitiva, acordou depois de um fim-de-semana maravilhoso ao lado do namorado e pensou "melhor eu me reacostumar sem ele, talvez ele não fique mais aqui". Dito e feito.
Desculpas esfarrapadas e sem coerência, falta de segurança e de coragem para dizer olho-no-olho para aquela pessoa que mudou a própria vida para ser e fazer feliz.
A do 'não' via skype praticamente se mudou para o diminuto apartamento do namorado em outra cidade deixando o seu espaçoso para os dois por vontade dele. A do que 'não ia aguentar', estava do outro lado do mundo quando recebeu a notícia, mora alguns países acima do Brasil e despencou por aqui disposta a largar tudo (o que por sorte não o fez) e a outra tinha acabado de montar seu apartamento em um bairro bacana, mas, passava os finais de semana na periferia.
E lá se vão dias e noites de alegrias de cumplicidade de risadas, de amor e, porque não dizer, de brigas e discussõezinhas bestas e cara virada vez ou outra. "O princípe virou sapo, a bela adormecida continua esperando pelo beijo e tudo não passou de uma possibilidade" de sair dessa vida mesquinha e sem paixão.
Até que as feridas se cicatrizem e o próximo apareça. E faça tudo de novo....

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