domingo, 9 de agosto de 2009

Pelo verdadeiro caminho da Índia.

Acabo de assistir a 'Who wants to be a milionaire' o mais novo clássico anglo-bolywoodyano, o 'Cidade de Deus' da terra de Opash Ananda. O filme emociona. Normalmente não costumo assistir ou ler os ditos best-sellers campeões de bilheteria até que o fogo de palha abaixe ou que eu me esqueça. Esse do 'Show do milhão' indiano eu já queria ter assistido, mas então ele foi indicado ao Oscar e eu desanimei, logo venceu o Oscar aí eu desisti e só fui ver agora em DVD ganhado.

Pode ser a maior besteira isso, mas, o que mais me irrita é que de tanto falar sobre as opiniões alheias e deslumbradas me atrapalham um pouco. Um dos que não assisti e não pretendo ver tão cedo é o falado 'Tropa de Elite'. Mesmo o 'Cidade...' eu assisti em pré-estréia e, por isso, fiquei embasbacada (não canso de dizer que a cena da galinha fugindo, o 360o. do Buscapé e a lindíssima cena do bandido sendo 'abatido a tiros' enquanto empurra um fusca na saída da favela ao som de Marisa Mote cantando Cartola', uau!, estão entre as melhores do cinema).

Jamal, o menino miserável de Bombaim (Muhai), que em momento algum é chamado de Dalit como naquela 'coisa' que dizem ser Índia da novela da Glória Perez, sai da merda literalmente. Essa é uma das primeiras cenas, quando ele mergulha na 'merda' para fugir de onde seu irmão o prendeu. Irmão este que o colocará na 'merda' sempre que puder. Dali, o pequeno Jamal traçou seu destino.

Os atores são fantásticos, principalmente os menores. As crianças dão um show semehante ao nosso 'Dadinho' ou 'Acerola e Laranjinha'.Os universos tratados são muito parecidos. Um parte para o crime organizado e o outro vai pela honestidade e trabalho árduo. A grande diferença e o que transforma 'Who wants...' em um conto-de-fadas é a magia de ser sorteado para um programa de televisão e ficar milionário da noite para o dia.

Outro detalhe interessante é que o filme é uma história de amor entre o futuro milionário e Latika, sua namoradinha de infância, a quem o irmão mal caráter rouba o tempo todo e, com quem ele se encontrará e o principal motivo de ter topado participar do famoso programa de televisão. Jamal queria aparecer para Latika, para reencontrá-la. Bom, sendo isso e sendo os personagens jovens e bonitos (mesmo o principal tendo feições de 'bobo' e 'vesgo') esperava-se fosse um filme totalmente ocidental, muita sensualidade, 'amassos' e sexo. Lêdo engano. Não houve uma cena sequer.

O único beijo não chega a ser nem um 'selinho' e é dado na última cena por Jamal em sua amada. Todo restante do filme tem sexo a portas fechadas e mesmo em cenas d eprostitutas não se vê nada. O mais interessante ainda é que não faz falta nenhuma. O filme consegue ser sensual sem estes artifícios. Optou-se pela certeza do bom gosto.

Agora, é vergonhoso para nós brasileiros que a Rede Globo, a quarta maior rede de televisão do mundo, uma das maiores produtoras de filme fora dos Estados Unidos, retrate a Índia da forma como retrata na catastrófica (pelo menos a níveis intelectuais) 'Caminho das Índias'. É vexatório.
Além de texto sofrível e irrealidade total, vende-se uma Índia pré-Ghandi. As coisas por lá não são mais assim há muito tempo. Bombaim não é uma cidade pequena onde os comerciantes se conhecem e se encontram num enorme mercado central. Falar isso é quase como imaginar uma São Paulo da década de 1920. Irreal.

Para saber de Índia, não assistam à novela, seria perfeito se pudéssemos acionar o canal apenas nas cenas da ótima Dira Paes que faz de tudo para disfarçar a história pobre e o texto horroroso.

4 comentários:

  1. tenho a mesma nóia quanto aos best-sellers, minha sorte é ser muito desligado e ver filmes que estão no hype sem saber disso. Com este foi exatamente assim, e curti! ouvi muita gente criticando o contexto da produção sem analisar a obra em si que tem um enredo fantástico, na minha opinião. Aquela cena da nota em que o Jamal conhecia o figurão do dólar e não sabia quem era gandhi é excelente. quanto à novela, não faço ideia. pela tradição deve ser terrível.

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  3. Não tem nem como comparar a novela ao filme. A menção à mesma foi apenas um artifício para provar pelo filme que realmente a Índia não é como a estão vendendo: uma enorme 25 de março cheia de doido noiado. É sensacional perceber também a inteligência do Jamal mostrando como o que nos faz transformar é a necessidade e nossa capacidade de adaptação e recomeço é o que temos de maior. Prova também de que boas escolas não fazem gênios, mas, gênios sozinhos como Jamal precisam de uma sorte como a dele para subir na vida...

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